Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Ministério da Saúde passa a recomendar suplementação de cálcio a todas as gestantes para reduzir risco de pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil, podendo levar a um parto prematura e até mesmo óbito neonatal. Recentemente, por exemplo tivemos o caso da cantora Lexa que enfrentou a síndrome HELLP, complicação da pré-eclâmpsia, levando ao parto prematuro de sua filha e, consequentemente, a morte do bebê.

O Ministério da Saúde publicou uma Nota Técnica estabelecendo a suplementação universal de cálcio para gestantes na Atenção Primária à Saúde (APS). A medida, baseada em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), integra a Rede Alyne, principal estratégia do SUS para fortalecer o pré-natal e reduzir as desigualdades no cuidado materno e infantil.

Segundo estudos, o mineral reduz em até 55% o risco de pré-eclâmpsia. Algumas mulheres com pré-eclâmpsia não apresentam sintomas, outras tem uma pequena retenção de líquido, em especial nas mãos, no pescoço, no rosto e nos pés. Além disso, pequenos pontos vermelhos podem surgir na pele. Trata-se de um problema que atinge de 3% a 7% das gestantes.

Quando a pré-eclâmpsia é grave os sintomas são diferentes, entre os mais comuns estão as dores de cabeça intensas, dificuldade de respirar, vômitos e pressão arterial elevada. A condição pode afetar órgãos como pulmões, coração e rins e até gerar o desprendimento da placenta.

“A condição pode se manifestar a partir da 20ª semana de gestação e levar a complicações graves, como insuficiência hepática, insuficiência renal, descolamento prematuro de placenta e restrição do crescimento fetal”, explica a coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres, Renata Reis.

Após o diagnóstico as gestantes, geralmente, são internadas e antecipar o parto é uma solução, de acordo com o tempo gestacional, para reverter o quadro clínico. Nos casos em que o bebê é prematuro, uma avaliação cuidadosa do médico é necessária para apontar qual situação traz menos risco para mãe e bebê.

Desde 2011, a OMS recomenda a suplementação de cálcio para gestantes com baixa ingestão do nutriente ou em situações de alto risco para pré-eclâmpsia. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018) apontam que mais de 96% das mulheres adultas consomem menos cálcio do que o recomendado, reforçando a necessidade da oferta universal do suplemento.

Protocolo

O novo protocolo do Ministério da saúde prevê que todas as gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS), tenha início da suplementação de cálcio a partir da 12ª semana de gestação até o parto; dois comprimidos diários de carbonato de cálcio (1.250 mg, equivalente a 1.000 mg de cálcio elementar); A prescrição, ainda segundo a pasta, pode ser feita por médicos, enfermeiros e nutricionistas das equipes da APS.

Os especialistas, entretanto, afirmam que precisa ter cuidado. O suplemento não pode ser ingerido junto com a suplementação de ferro, sendo necessário um intervalo de duas horas entre os suplementos para garantir a absorção adequada de cada um.

O Ministério garante ainda que a distribuição do suplemento de cálcio será feita “dentro do planejamento da assistência farmacêutica do SUS, com responsabilidade compartilhada entre estados, municípios e o Distrito Federal. A implementação da medida será acompanhada pelas equipes da APS, garantindo que as gestantes tenham acesso ao suplemento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)”.

Rede Alyne

Criada para enfrentar a mortalidade materna e infantil, a Rede Alyne estrutura ações para um pré-natal seguro, com acesso qualificado. A iniciativa prioriza gestantes em situação de vulnerabilidade e coloca no centro da política pública a redução das desigualdades raciais no acesso à saúde materna e infantil.

“A inclusão da suplementação universal de cálcio na Rede Alyne reforça a importância de um pré-natal completo, acessível e baseado em evidências científicas, para que as gestantes tenham acesso não apenas ao suplemento, mas também a um conjunto de cuidados essenciais. Isso inclui o fortalecimento da nutrição materna, com base nas diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira”, diz a pasta.

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