Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025

Ministro da Defesa leva o comandante da Marinha do Brasil para explicar vídeo sobre “privilégios” ao presidente

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, levou o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, para uma conversa com Lula na sexta-feira (3). O presidente ficou irritado com a divulgação de um vídeo no começo de dezembro em que a Marinha ironiza o que seriam “privilégios” aos militares, em uma crítica indireta ao pacote de ajuste fiscal do Ministério da Fazenda e que incluiu as Forças Armadas.

O encontro ocorreu na Granja do Torto, residência de campo oficial da Presidência da República, onde Lula passou o Ano Novo. Na conversa, Olsen deu explicações a Lula sobre o vídeo alusivo ao Dia do Marinheiro. No filme, são intercaladas imagens de integrantes das Forças Armadas em treinamentos e civis em momento de lazer. No final, a gravação é encerrada com uma militar questionando: “Privilégios? Vem para a Marinha”.

Integrantes da Força avaliam que havia necessidade dessa conversa devido ao desconforto gerado com a gravação. De acordo com interlocutores, Múcio e Olsen deixaram a Granja do Torto com a sensação de que agora o assunto está encerrado.

A gravação gerou uma irritação generalizada no governo. Auxiliares de Lula afirmam que foi unânime a avaliação de que a divulgação do vídeo, com esse tom, foi um erro. Contrariado, Lula ligou para Múcio e perguntou se ele tinha conhecimento do teor, o que ele negou. A gravação foi divulgada sem passar por ele. A interlocutores, Múcio afirma que não teria avalizado a divulgação da peça. O vídeo passou pelo crivo do chefe da Força, almirante Olsen.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também telefonou para Múcio, irritado com o vídeo.

A contrariedade de Lula foi tamanha que o presidente voltou atrás na ideia negociada com os comandantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha de aliviar a fase de transição na mudança de regras para transferência para a reserva.

O petista havia sinalizado aos comandantes das Forças Armadas que atenderia ao pedido de uma transição lenta para atingir idade mínima de 55 anos para aposentadoria. Hoje, não há restrição de idade para deixar a ativa, somente tempo de serviço, de 35 anos.

A proposta dos militares, levada ao presidente em um encontro da cúpula militar no Palácio da Alvorada, previa que a regra dos 55 anos só seria adotada completamente após 2043. A conversa ocorreu no dia 30 de novembro, um sábado.

O texto da proposta chegou a ser assinado pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante o encontro com Lula. Segundo relatos, o clima foi ameno e descontraído. Lula tomou conhecimento da proposta, pegou o texto e prometeu: “Será essa”, contou um interlocutor.

Entretanto, no mesmo dia à noite, o vídeo elaborado pela Marinha, em comemoração ao Dia do Marinheiro, passou a circular pelas redes sociais. Por isso, acabou prevalecendo o projeto da Fazenda, que prevê uma fase de transição menor.

A proposta enviada ao Congresso prevê uma transição mais curta, até o fim de 2031, afetando todos os militares que já ingressaram a carreira. A partir de 2032, vale a regra definitiva: 55 anos de idade.

O desconforto criado com o vídeo gerou também uma nova orientação no governo. A partir de agora, campanhas publicitárias produzidas pelas Forças Armadas deverão passar pelo aval do Ministério da Defesa antes de serem divulgadas. Até então, as Forças tinham autonomia para elaborar e divulgar suas campanhas, bastando apenas a aprovação do comandante.

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