Sábado, 01 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de janeiro de 2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu na noite de quinta-feira (31) maior “honestidade intelectual” ao avaliar o trabalho do governo Lula na área fiscal e atacou a atuação dos governos anteriores na economia, citando diretamente dois antecessores no cargo, os ex-ministros Henrique Meirelles e Paulo Guedes.
Segundo ele, “havia muita retórica de cuidado com as contas públicas, mas nem o Meirelles, nem o Guedes conseguiram produzir um superávit sustentável das contas públicas.”
Meirelles foi ministro da Fazenda do governo de Michel Temer entre 2016 e 2018, enquanto Guedes ocupou o Ministério da Economia durante todo o governo Bolsonaro, de 2019 a 2023.
Haddad alegou que o governo Lula está fazendo sua parte para equilibrar as contas públicas. “Nós tivemos o governo Temer e o governo Bolsonaro com déficits fiscais muito superiores — mas muito superiores — ao que está sendo observado agora”, afirmou Haddad, em entrevista à emissora RedeTV.
“O déficit dos sete anos dos governos Temer e Bolsonaro são déficits que somaram 2% do PIB. Ano passado tivemos um déficit de 0,1%”, pontuou Haddad na entrevista. “Então, passa uma ideia falsa de que estava se cuidando das contas públicas antes e não está se cuidando agora”, acrescentou.
Na quinta-feira (30), o Tesouro Nacional informou que o governo central registrou um déficit primário de R$ 11,032 bilhões em 2024, o equivalente a 0,09% do PIB. A conta exclui quase R$ 32 bilhões em despesas extraordinárias que não serão contabilizadas na apuração da meta fiscal, especialmente os gastos para mitigar efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul.
A meta fiscal do governo para 2024 era de resultado primário zero, com tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos. Na prática, o resultado obtido ficou de fato dentro da meta.
Dados apresentados pelo Tesouro indicaram que nos dois primeiros anos do governo Lula o déficit primário foi equivalente a 1,19% do PIB. No governo Temer, de setembro de 2016 a 2018, o déficit foi de 2,09% do PIB e, no governo Bolsonaro, de 2019 a 2022, foi de 2,43%.
“O (ex-presidente Jair) Bolsonaro produziu o maior déficit da história do país. Uma parte é pandemia, mas tem outra parte que não tem nada a ver com pandemia. E isso mesmo dando calote em precatório, mesmo vendendo estatal na ‘bacia das almas’, como foi o caso da dilapidação da Petrobras e da venda criminosa da Eletrobras”, atacou Haddad. “Gostaria que nós fôssemos mais honestos intelectualmente, e apontássemos os problemas.”
Vídeos falsos e memes
Questionado sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República em 2026, Haddad voltou a negar. Além disso, lamentou que sua imagem esteja sendo usada em vídeos falsos e na proliferação de memes críticos ao ministério.
“Quando você pega a imagem de um ministro da Fazenda, faz uma deepfake (adulteração realista)… eu jamais autorizaria isso contra um adversário”, afirmou.
Neste mês, um vídeo adulterado com a imagem de Haddad circulou pelas redes sociais, com o ministro supostamente anunciando a intenção de “taxar tudo”. O vídeo é falso e foi criado por inteligência artificial.
O governo também enfrentou em janeiro notícias falsas sobre uma possível taxação do Pix, o que levou à revogação de uma norma da Receita Federal que estabelecia, na verdade, novos parâmetros para monitoramento de movimentações financeiras no sistema.
“Quem é que reajustou a tabela do IR (Imposto de Renda)? Foram eles? Eles mantiveram a tabela sete anos congelada. Eles penalizaram o trabalhador por sete anos. E agora querem se apresentar como defensores dos trabalhadores?”, questionou Haddad, em referência à oposição.
Alimentos e inflação
Haddad afirmou que os preços dos alimentos tendem a se acomodar em 2025 em função da safra forte e do dólar mais baixo. O ministro disse ainda que o Brasil tem espaço para crescer 2,5% em 2025, reduzindo a inflação.
O ministro, no entanto, desconversou sobre a possibilidade de o governo adotar alíquotas de importação menores para alimentos que estejam com preços mais elevados no Brasil.
“Não é prudente mexer muito com essas coisas antes de aferir o impacto real. Mas houve algumas indicações neste sentido”, disse o ministro. “Ficou tudo no âmbito dos estudos técnicos.”