Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de fevereiro de 2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa sexta-feira (6) que o Banco Central (BC) precisa de “muita sabedoria” na definição da taxa básica de juros para inibir a alta de preços, sem jogar o País em uma recessão.
Segundo o chefe da Fazenda, o BC pode aumentar a taxa de juros para desaquecer a economia segurar o aumento dos preços, mas ressalvou que a política monetária, na dose errada, pode travar o crescimento.
“A política monetária tem que ser conduzida com muita sabedoria, não pode deixar virar problema de crescimento da economia, não pode jogar o país numa recessão ou ter um problema grave em transações correntes com o exterior”, disse em entrevista à Rádio Cidade, de Caruaru, no interior do Pernambuco.
“O remédio para corrigir a inflação é muitas vezes você aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Agora, tudo isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa”, afirmou.
“É como um antibiótico, não se pode tomar a cartela inteira em um dia nem deixar pular o horário, nem tomar mais ou menos do que precisa.”
O Brasil lidera o ranking mundial de juros reais desde o último dia 30, quando o banco central da Argentina reduziu sua taxa básica de 32% para 29% ao ano, o que levou o juros real no país vizinho a 6,14%.
No dia 29, o Banco Central brasileiro seguiu o sinal dado na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) de dezembro e aumentou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, a 13,25%, levando a taxa real a 9,18%. Foi a primeira reunião do comitê liderada pelo atual presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Durante os dois primeiros anos de sua gestão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, reiteradamente, o ex-comandante do BC Roberto Campos Neto pelo nível da Selic, e o colocou, mais uma vez, sob a mira na quinta (6), em entrevista a rádios baianas.
Lula afirmou que o aumento do dólar aconteceu porque o Banco Central teve uma gestão “totalmente irresponsável” e deixou “uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra”.
Embora Lula tenha voltado a artilharia contra Campos Neto, Galípolo já era diretor de política monetária do banco em 2023 e 2024. Nessa função, ele acompanhou boa parte das decisões de seu antecessor.
Para Haddad, a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e a expectativa de guerra comercial foram o principal fator na alta da moeda americana, que tem impacto no preço de diversos itens da cesta usada no cálculo dos índices de inflação, como alimentos e combustíveis.
“Depois da eleição do Trump, teve uma disparada no dólar, e a gente exporta gasolina e diesel, e isso tem um reflexo nos preços”, afirmou nessa sexta. (Folha de S.Paulo)