Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Morre, aos 78 anos, David Lynch, diretor lendário de “Cidade dos sonhos” e “Twin Peaks”

David Lynch, diretor lendário de filmes como “Cidade dos sonhos” (2002) e da série “Twin Peaks”, morreu aos 78 anos. Conhecido por histórias surrealistas e sombrias, o cineasta recebeu quatro indicações ao Oscar ao longo da carreira.

A causa da morte não foi divulgada, mas ele revelou em 2024 ter sido diagnosticado com enfisema pulmonar após anos como fumante — doença que o impediria de continuar a dirigir produções presencialmente. “Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais conosco”, escreveu a família de Lynch, no Facebook.

“Mas, como ele diria, ‘fiquem de olho na rosquinha, e não no buraco’. É um dia lindo com raios de sol dourados e céus todos azuis.” Depois de considerar seguir carreira como pintor na juventude, ofício que chegou a estudar, passou a se dedicar à realização de curtas. Em 1977, ficou conhecido logo com seu primeiro longa-metragem, o independente “Eraserhead”, que se tornou cult com os anos.

O reconhecimento veio rápido e ele foi contratado para escrever e dirigir “O homem elefante” (1980). A história estrelada por John Hurt e Anthony Hopkins sobre vida de um homem desfigurado recebeu oito indicações ao Oscar — incluindo as de roteiro adaptado e direção para Lynch.

Depois do fracasso com a adaptação da ficção científica de “Duna” (1984), ele se recuperou com um combo duplo. Em 1986, recebeu uma nova indicação da Academia de Hollywood pela direção do noir surrealista “Veludo azul”. Seu projeto seguinte, “Coração selvagem” (1990), ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes. No mesmo ano, revolucionou o drama da TV americana com o lançamento da série de mistério “Twin Peaks”.

Vinda ao Brasil

Em 2008, ele veio ao Brasil pela primeira vez, para divulgar seu livro “Em águas profundas – criatividade e meditação”.

“Um artista não precisa sofrer para mostrar sofrimento, ele só tem que entender o sofrimento. A intuição é o principal instrumento de um artista. Sou uma pessoa feliz por dentro, mas minhas histórias refletem o mundo real, e vivemos num mundo negativo”, disse o diretor, que começou a se dedicar à meditação desde os anos 70. Ele atribuía a ela as ideias que deram origem a seus filmes.

“É uma técnica mental que ajuda a criatividade e abre a porta para um nível de vida mais profundo, o infinito, sem limites”, disse ele, sobre a meditação transcendental. “Você pratica um mantra, que te coloca na base entre a matéria e a mente. De repente, tudo se expande e a vida fica muito boa.”

Lynch contou que essa filosofia estava presente nos bastidores de todas as suas filmagens. “Gosto de trabalhar num set feliz, como uma família. Acho que o set tem que ser um lugar seguro para o ator, onde ele possa se aprofundar. Acho que o medo e pressão prejudicam a criatividade e, consequentemente, prejudicam o trabalho.”

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