Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 3 de novembro de 2021
As mudanças climáticas contribuíram para gerar cerca de 202 mil casos de doença renal no Brasil entre 2000 e 2015, segundo um estudo publicado na revista científica “The Lancet Regional Health – Americas”.
Os dados apresentados na pesquisa mostram que 7,4% das hospitalizações por enfermidade nos rins podem ser atribuídas ao aumento da temperatura. Embora já fosse conhecida a influência que o aquecimento global tem na saúde, essa foi a primeira vez que uma pesquisa quantificou esse problema.
Os pesquisadores, liderados pelo professor Yuming Guo e o especialista Shanshan Li, analisaram um total de 2.726.886 hospitalizações por doenças renais registradas durante 15 anos, avaliando internações diárias de 1.816 cidades no Brasil.
De acordo com o professor Guo, para cada aumento de 1 grau na temperatura média diária, há um aumento de quase 1% na doença renal, sendo os mais afetados mulheres, crianças menores de 4 anos e pessoas com mais de 80 anos. As associações entre temperatura e doenças renais foram maiores no dia da exposição a temperaturas extremas, mas permaneceram por 1 a 2 dias após a exposição.
No artigo, os autores, entre os quais estão pesquisadores da Universidade de São Paulo, argumentam que o estudo “fornece evidências robustas de que mais políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor e mitigar as mudanças climáticas”.
“No contexto do aquecimento global, mais estratégias e políticas devem ser desenvolvidas para prevenir hospitalizações relacionadas ao calor”, afirmam, de acordo com o site de divulgação científica “Eurekalert”.
Por isso, o grupo ressaltou a importância da aplicação urgente de políticas governamentais a respeito do controle das mudanças climáticas.
“Além disso, deve-se dar atenção aos países de renda baixa e média como o Brasil, onde sistemas confiáveis de alerta de calor e medidas preventivas ainda são necessários”, diz o professor Guo.
A pesquisa verificou que, em comparação com a década anterior, a incidência de morte por doença renal aumentou 26,6%, o que foi, em parte, consequência das mudanças climáticas. Foi estimado ainda que 92.207 e 255.486 mortes adicionais podem ser atribuídas ao aumento da temperatura em 2030 e 2050, respectivamente.