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Redação Rádio Pampa
| 21 de novembro de 2021
Uma mulher argentina pode ter se tornado o segundo caso conhecido no mundo de cura do vírus HIV sem a necessidade de um tratamento.
O histórico da paciente de 30 anos foi registrado em pesquisa publicada recentemente na revista Annals of Internal Medicine, que avaliou 1,5 bilhão de células para concluir que a mulher mantém há 8 anos uma carga viral indetectável do HIV tipo 1, sem utilizar terapia antirretroviral nem a realização de transplante de medula óssea ou outras intervenções médicas.
O caso ocorreu na cidade de Esperanza, na Argentina, e por isso a mulher vem sendo conhecida como a “paciente de Esperanza”.
Ela apresentou seu primeiro diagnóstico positivo para HIV em 2013, e desde então passou a acompanhar seu quadro cuidadosamente. Nos anos seguintes, segundo consta, 10 testes comerciais apresentaram carga viral indetectável, e a paciente não apresentou sintomas, indícios clínicos ou mesmo resultados em exames que apontassem qualquer doença ligada ao HIV.
Em 2019, a mulher engravidou e, para evitar que o bebê se infectasse, entrou em tratamento com a terapia antirretroviral até o parto: o neném nasceu sem o vírus em 2020, e permanece assim até hoje.
Antes da “paciente de Esperanza”, somente um outro caso semelhante havia sido registrado, com uma paciente de 67 anos, que controlou o vírus em processo semelhante.
As duas se enquadram no que a pesquisa chama de “controladoras de elite” do vírus, quando alguém obtém a chamada “cura funcional” – em que o vírus é indetectável e não há nenhuma evidência de que possa fazer mal à saúde do paciente – sem o uso de medicamentos.
A pesquisa recente foi realizada por cientistas em Buenos Aires e em Boston, nos EUA e, segundo as pesquisadoras, os mecanismos que permitem esses resultados extraordinários são raros e difíceis, mas podem trazer informações fundamentais para novos tratamentos e na busca pela cura.
De acordo com a cientista Xu G. Yu, autora sênior da pesquisa, as descobertas podem abrir possibilidades de outras pessoas terem se curado sozinhas – compreender o funcionamento desses sistemas imunológicos é fundamental para o possível desenvolvimento de tratamentos que “ensinem” outros sistemas a se comportarem da mesma forma.
“Isso é realmente um milagre do sistema imunológico humano”, afirmou Yu. “Essas descobertas, especialmente com a identificação de um segundo caso, indicam que pode haver um caminho acionável para uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria”, concluiu.