Terça-feira, 19 de novembro de 2024

Não é a vitória de Trump que faz o Bitcoin subir tanto, avalia Binance; entenda

Em novembro, o Bitcoin (BTC) disparou em um rali que, para muitos, é impulsionado pela vitória de Donald Trump para um novo mandato nos Estados Unidos. Mas esse pode não ser o principal catalisador de preços. “Se você acha que o mercado está assim só por causa do Trump, não é bem assim. Há muitos fatores envolvidos”, conta Vishal Sacheendran, head de mercados regionais da Binance, maior bolsa de ativos digitais do mundo, em conversa com o InfoMoney.

Segundo o executivo, o salto da criptomoeda deve ser encarado como um efeito maior do otimismo do mercado com ativos de risco, diante do início do corte de juros nos EUA, e sobretudo de um evento do começo do ano: o lançamento dos primeiros ETFs de Bitcoin americanos.

“No mercado financeiro tradicional, os bancos desenvolvem produtos para grandes investidores institucionais, familly offices e indivíduos de alta renda. É uma abordagem de cima para baixo. Já o mercado cripto começou de baixo para cima, com foco no varejo”, explica

“À medida que o setor amadureceu e surgiram regulações, investidores institucionais começaram a entrar, como nos casos dos ETFs de Bitcoin e Ethereum. Os players que movimentam muito dinheiro só entram no mercado se houver clareza regulatória, porque muitos deles gerem recursos de terceiros”, completa.

Para Sacheendran, ainda é cedo para avaliar os impactos reais das medidas que podem ser adotadas por Trump voltadas ao mercado de criptoativos. “A vitória do Trump teve algum efeito? Parece que sim, mas precisamos esperar para ver as políticas e como elas impactam o resto do mundo”.

O profissional elenca três tipos de reguladores no mundo: os que proíbem porque não entendem ou valorizam a tecnologia blockchain; os que adotam a abordagem ‘esperar e observar’; e os que enxergam o potencial e buscam atrair empresas para diversificação econômica, como Dubai, Abu Dhabi e Bahrein. Os EUA não estariam em nenhum deles, diz.

“O primeiro grupo está migrando para o segundo, e o segundo para o terceiro. “[Os EUA] ainda estão aprendendo. Alguns estados já têm processos de registro, mas no geral, ainda estão evoluindo”.

Às 8h30 desse sábado (16), o Bitcoin era negociado a cerca de US$ 91.200, com alta de 2,1% em 24 horas e de mais de 30% em novembro. Nos últimos 12 meses, os ganhos passam de 144%.

Multa histórica

A Binance ainda é maior exchange de criptoativos do mundo, mas viu a distância para seus rivais diminuir ao longo do último ano, desde que pagou uma multa histórica e seu então CEO, Changpeng Zhao, foi preso como parte de um acordo com reguladores americanos.

Segundo dados da CCData, a Binance registrou em outubro um market share de 36,6% entre negociações nos mercados à vista e de derivativos, o menor patamar desde 2020 – coincidentemente, na última vez em que o Bitcoin iniciou uma disparada na sequência de um longo “inverno”.

“As pessoas falam sobre mudanças no nosso market share, mas lembrem-se: a adoção global de cripto é de apenas 1-2%, há espaço para todos”, minimiza o executivo. “É importante entender que o acordo [com reguladores americanos] não foi sobre os últimos anos, mas sobre os primeiros. Sempre priorizamos conformidade. O que mudou foi nossa estrutura organizacional, incluindo governança corporativa e membros independentes no conselho”.

No Brasil, a Binance acompanha de perto a evolução da regulação de empresas de criptoativos, à espera dos detalhes do regime de licenças que será instituído pelo Banco Central. Enquanto isso, poderá se ver diante da obrigatoriedade de constituir escritório no Brasil “antes da hora”: na última terça-feira (12), a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei que propõe exigir sede no Brasil para exchanges que atuem em território nacional, mesmo antes de saírem as licenças. O PL ainda será avaliado no Senado.

“Sempre cumprimos as leis locais. Se o Brasil exigir [presença local], garantiremos plena conformidade”, finalizou Sacheendran.

A Binance tenta há mais de dois anos avançar com um processo de aquisição da corretora brasileira de valores mobiliários Sim;paul Investimentos. O negócio segue aguardando aval regulatório. As informações são do site InfoMoney.

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