Sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Narcotráfico e conflito com indígenas levam a força federal para eleições no Amazonas

Problemas com o narcotráfico, ameaças a juiz, conflitos por exploração de minério, compra de voto e tentativa de fazer refém servidor da Justiça Eleitoral. Essas são algumas das justificativas dadas por 37 municípios do Amazonas que tiveram os pedidos de apoio das forças federais nas eleições deste ano já autorizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Estado foi o que teve, até o momento, o maior número de solicitações atendidas. A Corte Eleitoral aprovou um pacote de 53 casos em todo o País.

As forças federais — compostas por militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica — são acionadas quando o município informa à Justiça não ter capacidade de garantir a normalidade do pleito com o efetivo local. No geral, a queixa das zonas eleitorais amazonenses são similares: dificuldade de locomoção em função dos rios e efetivo policial insuficiente em relação ao tamanho da população, além dos conflitos.

Um dos alertas mais preocupantes vem da cidade de Juruá. “Historicamente, é um dos municípios mais problemáticos do Estado do Amazonas: indígenas já tentaram fazer refém servidor da Justiça Eleitoral, na zona rural deste município, em pleno dia do pleito; na sede, eleitores causaram danos ao patrimônio público e fizeram ameaças de invasão ao prédio do Cartório Eleitoral, colocando em risco as vidas dos servidores e colaboradores da Justiça Eleitoral”, justificou a Zona Eleitoral da região.

Em Canutama, por exemplo, registrou ameaça a magistrado. A Zona Eleitoral disse não ter “dúvidas” de que haverá casos de boca de urna, transporte ilegal de eleitores, compra de votos, aglomerações, perturbação da ordem na cidade nas eleições deste ano.

Em Tabatinga, o pedido veio em função do perigo na fronteira. “É cediço que o município de Tabatinga situa-se em região de fronteira, fazendo divisa com os Estados da Colômbia e Peru, nos quais constam regiões conflituosas e com problemas originados pelo narcotráfico”, alegou. “É essencial que a segurança, não só dos cidadãos votantes, mas dos inúmeros mesários e colaboradores recrutados pela Justiça Eleitoral seja garantida.”

Em Nova Olinda do Norte, os magistrados destacaram a tensão na região ao redor do Rio Abacaxis. Devido à deliberação da exploração do minério silvinita (cloreto de potássio), grupos políticos regionais e nacional passaram a ter interesse no lançamento de candidaturas no município. E a Polícia Militar tem dificuldades para atuar, em razão de confrontos que já resultaram em mortes, inclusive de policiais.

O município de Itacoatiara destacou o baixo efetivo policial. No local o contingente é de 73 policiais militares para 103.598 habitantes, segundo o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na última terça-feira (24), a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, autorizou o apoio das Forças em 53 municípios brasileiros distribuídos em 12 estados. São eles: Amazonas, Acre, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Maranhão e Tocantins.

Nas últimas eleições municipais, em 2020, 545 municípios em 10 diferentes Estados (Acre, Alagoas, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins) contaram com o apoio das Forças. Desses, 39 municípios naquele ano eram amazonenses.

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