Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

No Festival de Veneza, aplaudos ao filme brasileiro “Ainda estou aqui” duram quase 10 minutos

“Ainda Estou Aqui”, filme brasileiro dirigido por Walter Salles, foi exibido na 81ª edição do Festival de Veneza, na Itália, nesse domingo (1º). O longa foi aplaudido por 9 minutos e 46 segundos pelo público presente na sessão de gala. Mais cedo, houve a sessão para a imprensa.

Em uma plateia com muitos brasileiros, a sessão começou atrasada. Ao longo do último terço do filme, foi possível ouvir muitas pessoas chorando no local. Ao final da sessão, Walter Salles, Selton Mello e Fernanda Torres demonstravam estar emocionados e choraram bastante.

“Ainda Estou Aqui” é uma espécie de retorno do próprio cineasta, que não lançava um longa de ficção desde a produção em inglês “Na Estrada”, de 2012. Mesmo tendo concorrentes fortes como Nicole Kidman (do filme “Babygirl”) e Angelina Jolie (do filme “Maria”), Fernanda Torres tem chances de levar a Coppa Volpi, prêmio do festival para a atuação feminina.

Na coletiva de imprensa de “Ainda Estou Aqui”, na tarde desse domingo, Fernanda Torres disse que o diretor Walter Salles cortou duas cenas de choro. Mas elas não fazem falta ao longa-metragem sobre Eunice Paiva, advogada, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva de Rubens Paiva, engenheiro e ex-deputado preso pelos militares – e depois morto – durante a ditadura.

Filme

O filme começa em 1970, quando a família Paiva vive em uma casa de esquina, de frente para o mar, no Rio de Janeiro. Rubens Paiva (Selton Mello), que abandonou a política depois do golpe militar de 1964, quando foi cassado, atua como engenheiro. É um cara brincalhão, que joga pebolim com o filho tarde da noite e adora receber os amigos em casa.

Mas o centro de tudo é Eunice, que se ocupa dos pratos que serão servidos ao cuidado com as crianças e adolescentes.

Até que homens à paisana levam Rubens Paiva para ser interrogado. No dia seguinte, é a vez de Eunice, que passa 12 dias nas dependências do DOI-CODI. Com o desaparecimento do marido, Eunice é obrigada a se reinventar, acreditando no poder da educação e da justiça.

O cinema brasileiro, ao contrário do argentino e do chileno, produziu poucos filmes sobre a ditadura militar. “Ainda Estou Aqui” é uma bem-vinda adição à memória do País. “Se você olhar para ‘Central do Brasil’, para os filmes que fiz antes, a jornada dos personagens se mistura com a jornada do País. É isso que me interessa no cinema”, disse Walter Salles na coletiva de imprensa.

“O livro era isso. A jornada de Eunice se mesclava com a história do Brasil durante aqueles 21 anos terríveis. A reinvenção daquela mulher foi o que mais me emocionou”, afirmou.

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