Quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Novas explosões de aparelhos de comunicação do Hezbollah no Líbano deixam 14 mortos e mais de 450 feridos

Quatorze pessoas morreram e cerca de 450 ficaram feridas nessa quarta-feira (18) em uma nova onda de explosões de dispositivos de comunicação do Hezbollah no Líbano. O incidente ocorreu apenas um dia após centenas de pagers serem detonados quase que simultaneamente no país, num ataque que o grupo xiita libanês atribuiu a Israel, aumentando os temores de uma guerra total na região.

Uma fonte próxima à organização indicou que vários aparelhos walkie-talkie foram detonados no subúrbio sul de Beirute, um de seus redutos, e a mídia estatal informou sobre explosões no sul e no leste do país. Imagens da AFPTV mostraram pessoas correndo para se proteger após uma explosão durante o funeral de quatro integrantes do Hezbollah mortos nas explosões de terça-feira no subúrbio de Beirute. Após um balanço anterior que apontava nove mortos, o Ministério da Saúde libanês afirmou que a “onda de explosões inimigas de walkie-talkies (…) matou 14 pessoas e feriu mais de 450”.

Na terça-feira (17), a explosão de centenas de pagers usados pelo Hezbollah matou 12 pessoas, incluindo dois menores, e deixou 2.800 feridos, centenas deles membros do grupo, que culpou Israel pelo ataque e prometeu uma “justa punição”.

Israel se absteve de comentar essa primeira onda de explosões, ocorrida horas após anunciar a extensão até sua fronteira com o Líbano de seus objetivos da guerra iniciada em outubro contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O Hezbollah, aliado do Hamas, disse que “a resistência islâmica no Líbano [como o grupo faz referência a si mesmo] continuará (…) suas operações para apoiar Gaza” e prometeu um “ajuste de contas severo” contra Israel.

No hospital Hôtel-Dieu de Beirute, a paramédica Joelle Khadra relatou que a maioria dos feridos tinha lesões nos olhos e nas mãos, com amputações de dedos, e que alguns perderam a visão. Um médico de outro hospital da capital libanesa, que falou sob condição de anonimato, contou que trabalhou a noite toda e que “nunca viu nada parecido”.

O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, advertiu que o “ataque flagrante à soberania e segurança do Líbano” poderia “indicar uma guerra mais ampla”. Segundo o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, “o centro de gravidade” da guerra está se deslocando para o norte.

Para explodir

Um encarregado libanês de segurança, que pediu anonimato, afirmou que uma investigação preliminar mostrou que os pagers “foram programados para explodir e continham materiais explosivos colocados junto à bateria”. Esses dispositivos, também chamados de localizadores, são aparelhos de mensagens e localização de pequeno porte que não precisam de cartão SIM, nem de conexão com a internet.

O jornal americano The New York Times indicou que os pagers eram provenientes de Taiwan e receberam a carga explosiva antes de chegarem ao Líbano. No entanto, a empresa taiwanesa Gold Apollo, apontada pelo jornal como fabricante, garantiu que os aparelhos foram produzidos por seu parceiro húngaro BAC e que são de sua “responsabilidade”. Um porta-voz do governo húngaro declarou, porém, que a empresa mencionada não tem nenhuma fábrica na Hungria.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, condenou o ataque e afirmou que esse incidente deveria causar “vergonha” aos países ocidentais aliados de Israel. A ofensiva foi um duro golpe para o grupo militante, já preocupado com a segurança de suas comunicações após perder vários comandantes importantes em ataques aéreos nos últimos meses.

De acordo com uma fonte próxima ao Hezbollah, este é “o maior golpe já desferido contra a formação” por Israel. O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fará um pronunciamento público na quinta-feira às 17h locais (11h no horário de Brasília).

Desde o início da guerra em Gaza, a fronteira com o Líbano tornou-se cenário de confrontos de artilharia quase diários entre o exército israelense e o Hezbollah, o que causou o deslocamento de dezenas de milhares de civis em ambos os países.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o ataque de terça-feira ocorreu em um “momento extremamente instável” e considerou “inaceitável” seu impacto na população civil. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “objetos civis” não devem ser transformados em armas. As informações são do jornal Extra.

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