Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 1 de abril de 2024
Francisco Homero, de Vitória, no Espírito Santo, compartilhou sua experiência com a doença. “Eu sou médico, radiologista eu sou casado há bastante tempo e nunca esperaria ter um HPV. Então, o HPV está aí, não tem cara, não cor, não tem sexo, não tem nada. Esse tabu é arraigado na pessoa, você fica com vergonha. E, no meu caso, eu preferi não ter vergonha, eu preferi não omitir”, disse.
Homero teve um câncer nas amídalas, semelhante ao do ator Michael Douglas. “E ele fez questão de dizer, o meu tumor não é dependente de fumo, é dependente de sexo oral. Ele falou, ele declarou isso”, destaca a pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) e Instituto do Câncer/SP, Luísa Vila.
O vírus
O HPV – Papilomavírus Humano – é um vírus transmitido principalmente pelo sexo. Todas as pessoas, ao longo da vida, tem 80% ou mais de chance de se infectar por HPV. No entanto, algumas desenvolvem doenças relacionadas ao vírus, enquanto outras não. Isso acontece porque o sistema imune de algumas pessoas reconhece o vírus e elimina de forma mais eficiente que outras pessoas.
Quando isso não acontece, podem aparecer lesões, verrugas, principalmente na região genital. Além disso, o HPV também pode causar tumores no colo do útero, na região anal, no pênis e na garganta.
Mas, apesar de o contato sexual ser a principal forma de contato, os HPVs também podem ser transmitidos de outras formas: manuseio, brinquedos sexuais, dedos, manipulações, todas essas formas, superfícies contaminadas, podem levar à infecção por HPV.
Vacinação
A vacina contra o HPV existe há 10 anos. Ela é distribuída, de graça, para pessoas de 9 a 14 anos e para imunossuprimidos. Mas está sobrando dose nos postos.
As crianças têm um desempenho melhor no desenvolvimento de uma resposta protetora contra o vírus. A vacina para HPV também está disponível na rede privada para adultos, com custo de cerca de R$ 1 mil a dose. Pode ser tomada inclusive por quem já teve contato com o vírus.
Tabus
A psicóloga e educadora sexual Leiliane, que mora em Goiás, diz que o fato do vírus ser transmitido principalmente por relações sexuais torna o assunto um grande tabu, inclusive nas escolas. Ela, que é evangélica, também fala na internet sobre o assunto em escolas e em igrejas.
“Nós precisamos enquanto igreja capacitar os pais e também intervir junto às crianças. A educação sexual não é ensinar sobre sexo. Não é erotizar a criança, não é mostrar conteúdo inadequado para a criança. É justamente educá-la para ela vivenciar a sexualidade de maneira saudável em cada fase da sua vida”, afirma Leilane.
“Eu sou cristã, eu acredito na abstinência sexual como excelente decisão. Eu ensino assim para os meus filhos, sexo depois do casamento. Porém, mesmo sendo cristã e acreditando, eu não posso ignorar a realidade de jovens adolescentes brasileiros que fazem sexo até 14 anos”, completa a psicóloga.