Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O planeta não para de emitir sinais das mudanças climáticas: verões tórridos, invernos glaciais, tempestades intensas e cada vez mais eventos climáticos extremos

O planeta não para de emitir sinais das mudanças climáticas: verões tórridos, invernos glaciais, tempestades intensas e cada vez mais eventos climáticos extremos. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) afirmou que neste ano há 56% de chance de ocorrer uma versão forte do fenômeno El Niño de variação climática global.

Em março, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas (IPCC) reconheceu o esforço político, empresarial e social para manter a temperatura do planeta até o fim do século em no máximo 1,5 oC acima da registrada antes da Revolução Industrial, meta do Acordo de Paris. Mas já deixava claro que seria praticamente impossível. A redução das emissões de gases do efeito estufa, dependente da transição dos combustíveis fósseis para fontes limpas de energia, tem seguido ritmo muito aquém do necessário.

No momento, enquanto os termômetros sobem e a cobertura de gelo do Ártico encolhe, o fogo se alastra pelo Canadá. Nunca se viram incêndios como neste ano. O terreno fica mais inflamável entre junho e agosto, portanto a temporada de queimadas está apenas começando. Mesmo assim, o primeiro semestre já registrou o quarto maior número de incêndios da década, e a área atingida foi 14 vezes a média dos últimos dez anos. As chamas já destruíram mais de 15 vezes o projetado para esta época do ano, queimando uma área maior que Mato Grosso do Sul. A fumaça ultrapassou a fronteira com os Estados Unidos, chegando a Washington e Nova York, onde foi registrado um recorde de degradação na qualidade do ar. A prefeitura anunciou que distribuiria à população 1 milhão de máscaras de proteção facial.

A situação no Ártico também é preocupante. Um estudo de coreanos, canadenses e alemães publicado na revista científica Nature Communications estima, com base em imagens de satélites, que, entre 2030 e 2040, a região poderá ter um verão sem gelo, mesmo que as emissões de gases do efeito estufa fiquem em níveis baixos ou deixem de existir. O IPCC previa que isso aconteceria pela primeira vez apenas depois de 2050.

O derretimento do gelo realimentará o aquecimento, pois o Ártico deixará de refletir os raios solares. As temperaturas mais altas acelerarão o derretimento do permafrost — solo enrijecido há séculos pelo gelo na Sibéria —, liberando enormes quantidades de gases de efeito estufa. O mesmo poderá acontecer na Groenlândia. Estará então formado um ciclo vicioso: mais efeito estufa, mais descongelamento, mais efeito estufa, assim por diante. Não é preciso esperar a COP30, prevista para Belém em 2025, para que o poder público comece a se preparar e reagir. (Opinião/O Globo)

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