Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de janeiro de 2025
Ungido candidato à presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (RepublicanosPB) tem adotado, em conversas com parlamentares e empresários, um discurso de defesa da responsabilidade fiscal, segurança jurídica e previsibilidade para viabilizar um crescimento mais sustentável do País. O tom, alinhado ao mercado de capitais, é semelhante ao do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de quem tem o apoio para ser o sucessor.
Os posicionamentos, feitos em conversas reservadas, revelam um pouco sobre
como pensa o parlamentar – o que era considerado um mistério, pelo menos
publicamente, visto que o favorito a suceder Lira nunca foi adepto de fazer muitos discursos em plenário.
Em uma dessas raras falas, nos últimos dias de 2022, Motta criticou a celeridade da tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, que elevou em R$ 145 bilhões o limite do teto de gastos e retirou pouco mais de R$ 60 bilhões do mecanismo de controle fiscal durante os anos de 2023 e 2024. O pronunciamento já sinalizava um discurso de controle das contas públicas.
“O Republicanos tem a tranquilidade de estar, neste momento, não votando contra os mais pobres, mas votando contra essa antecipação, votando contra essa usurpação de decisão do Congresso novo, que era o que deveria decidir, a partir de 1º de fevereiro, e votando com responsabilidade fiscal. Nós temos tempo para discutir essas prioridades colocadas pelo novo governo.”
Mais recentemente, Motta tem se posicionado sobre outros assuntos da agenda econômica, como temas relacionados ao mercado financeiro. Deputado federal desde 2011, ele nunca citou, por exemplo, o dólar em seus discursos no plenário da Casa.
Em uma reunião em dezembro, contudo, o parlamentar mostrou preocupação com o cenário econômico e afirmou que a alta da Selic, taxa básica de juros da economia, e a atual escalada na cotação da moeda americana afastam investimentos e devem ser combatidos com participação do Legislativo.
“Não vamos ter condição de viabilizar o país trazendo players internacionais, que por sua vez podem muitas vezes trazer mais tecnologia, mais modernidade, para sermos mais competitivos, com o dólar a R$ 6,20 e com a projeção de chegar a R$ 7. Esse também é um desafio do Congresso”, afirmou a parlamentares e empresários da Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA) em dezembro.
Essa preocupação com o câmbio foi levada também a uma reunião com os líderes dos partidos em dezembro, no momento de maior tensão sobre se o pacote de contenção de despesas seria ou não aprovado pelo Congresso. No encontro, realizado a portas fechadas na residência oficial do presidente da Câmara, Motta fez uma fala enfática sobre a necessidade de aprovar as medidas que poderiam ajudar a reduzir o valor do dólar e diminuir o risco de aceleração da inflação.
A fala gerou até brincadeiras dos deputados de oposição e de outros do Centrão mais críticos ao governo Lula (PT), de que o discurso estava exageradamente governista e de que ele precisava ter cuidado para não perder votos na eleição para a presidência da Câmara. Motta reuniu um arco de alianças que vai do PT ao PL, com partidos que representam mais de 90% dos votos.
Em outra reunião com empresários, desta vez representantes do agronegócio, o candidato comentou que a Câmara e o Senado foram protagonistas na discussão de reforma econômicas, como a da legislação trabalhista, a previdenciária e a tributária, e sustentou que o controle de despesas e a eficiência no gasto público são outras áreas a serem atacadas.
“Chegando à presidência da Câmara, nós não ficaremos nem um segundo longe dessa agenda da responsabilidade fiscal. Entendemos que o Brasil ainda tem muitos desafios pela frente e as contas públicas é, sim, um dos principais pontos que nós temos que enfrentar”, declarou, ao receber apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Em conversas com frentes parlamentares que representam setores econômicos, o deputado também defende que o Legislativo seja protagonista das discussões de marcos legais nas áreas de infraestrutura, segurança, saúde, educação, sustentabilidade e meio ambiente.