Por Redação Rádio Pampa | 10 de dezembro de 2024
Era um jovem e belo casal, Flávio e Érica, ambos pertencentes a famílias de classe média alta. Ele tinha 25 anos e era médico, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Já ela estava terminando a faculdade de psicologia na PUC.
Próximo de completar dois anos de convivência em uma cobertura em uma zona nobre de Porto Alegre, o jovem médico foi convidado a participar dos “Médicos Sem Fronteiras” por um ano em um país da África.
Flávio achou o convite fantástico, acreditando que essa experiência lhe traria amadurecimento profissional e humano. Afinal, conhecer outras culturas e realidades, sobretudo em sua área, só lhe agregaria benefícios.
Além disso, ele não tinha problemas financeiros. Seu único dilema era deixar Érica sozinha por tanto tempo…
No alto da cobertura, uma discussão acalorada surgiu enquanto ele arrumava as malas. Próximo ao casal, Dona Maria Aparecida, que trabalhava há um ano e meio como empregada doméstica, ouvia a discussão angustiada enquanto lavava a louça.
Dona Maria, aos 65 anos, era mãe de seis filhos, avó de oito netos e morava no bairro Restinga, na zona sul de Porto Alegre. Nesse curto período trabalhando para Flávio e Érica, passou a admirá-los profundamente. Para ela, eram exemplos de amor e bondade.
Após a discussão cessar, Flávio pegou as malas, disse a Érica que a amava muito e pediu que ela tivesse paciência e esperasse por ele. Ao se despedirem, ele a beijou com uma intensidade que jamais havia demonstrado, transmitindo todo o seu amor naquele gesto.
Já na portaria, enquanto esperava o táxi para levá-lo ao aeroporto, Dona Maria o ajudava a carregar alguns pertences. De repente, Érica desceu apressada, ansiosa, e o abraçou fortemente.
Flávio, surpreso, perguntou:
– O que você quer que eu faça, amor?
E ela respondeu:
– Quero que você me beije tão bem aqui embaixo, como me beijou lá em cima.
Flávio atendeu ao pedido, repetindo o beijo com a mesma paixão e intensidade. Naquele momento, ele desistiu da viagem e, juntos, retornaram para a cobertura, onde se entregaram um ao outro de forma intensa e apaixonada.
Até hoje, o casal vive na mesma cobertura, feliz e ainda mais unido. Flávio aguarda Érica se formar para que, no futuro, possam viver essas aventuras juntos.
Moral da história
Dona Maria, que testemunhou toda aquela cena, aposentou-se pouco tempo depois.
Certo dia, seu neto de 15 anos lhe perguntou:
– Vó, qual é o segredo da felicidade no amor?
Sem hesitar, com toda a sua experiência e sabedoria, ela respondeu:
– Sempre beije-a lá embaixo tão bem quanto a beija lá em cima, e tudo ficará bem…
* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho
