Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de fevereiro de 2025
A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, aprovou uma nova terapia para pessoas com doença de Parkinson. O Onapgo, desenvolvido pelo laboratório Supernus Pharmaceuticals, é um dispositivo de infusão subcutânea, ou seja, que fica sob a pele, liberando apomorfina de forma contínua para o tratamento de flutuações motoras em adultos com o diagnóstico avançado.
A terapia é a segunda de infusão subcutânea para a doença, mas a primeira composta de apomorfina. A substância, derivada da morfina, é um agonista de dopamina – age imitando a sua ação ao interagir com os receptores do neurotransmissor no sistema nervoso central. Isso é importante porque a dopamina influencia o movimento e é reduzida em pacientes com Parkinson.
“A aprovação do ONAPGO hoje significa que os pacientes nos EUA que não estão respondendo bem ao seu regime de tratamento atual, incluindo levodopa, agora terão a opção de usar um dispositivo pequeno e leve para fornecer uma infusão contínua sem a necessidade de um procedimento cirúrgico invasivo”, diz Rajesh Pahwa, professor de Neurologia na Escola de Medicina da Universidade do Kansas, diretor do Programa de Distúrbios do Movimento do Sistema de Saúde da instituição e pesquisador do Onapgo, em nota.
O diretor do Centro de Doença de Parkinson e Distúrbios do Movimento de Boca Raton, Flórida, e investigador clínico do novo medicamento, Stuart Isaacson, explica que o levodopa, remédio mais utilizado para o Parkinson, pode se tornar menos eficaz ao longo do tempo em parte devido à variabilidade na absorção gastrointestinal do fármaco, que é oral.
“Com o Onapgo, a infusão contínua de apomorfina estimula diretamente os receptores dopaminérgicos pós-sinápticos sem necessidade de conversão metabólica. Além disso, a administração subcutânea de apomorfina contorna o trato gastrointestinal e entra no cérebro, o que pode permitir uma melhora mais previsível dos sintomas”, diz sobre o novo implante.
A farmacêutica espera disponibilizar o dispositivo nos EUA no segundo trimestre deste ano no país. O CEO, Jack Khattar, afirma que o dispositivo é uma “abordagem inovadora” que demonstra o objetivo da empresa de “desenvolver alternativas inovadoras para o manejo da doença de Parkinson e outras condições neurológicas”.
Rachel Dolhun, consultora médica principal da The Michael J. Fox Foundation, que não participou do estudo do Onapgo, acredita que o aval do FDA de fato “representa mais um avanço no tratamento de pessoas com Parkinson”. “Quanto mais opções tivermos para reduzir as flutuações motoras, maiores serão as chances de melhorar a vida diária de todas as pessoas e famílias afetadas pela doença”, continua.
A aprovação dos EUA teve como base um estudo de fase 3 que durou 12 semanas e avaliou a segurança e a eficácia do dispositivo. Durante os testes, os participantes que receberam o Onapgo apresentaram quase duas horas a menos de tempo “off” e quase três horas a mais de tempo “on” por dia, em comparação com os voluntários que receberam placebo.
“À medida que os sintomas motores da doença de Parkinson pioram ao longo do tempo, os pacientes relatam estados alternantes entre ‘on’, quando a medicação está funcionando, e ‘off’, quando não está atuando de forma ideal. Essas mudanças são disruptivas e podem ocorrer a qualquer momento, razão pela qual o controle diário consistente do tempo ‘off’ é fundamental. Para muitos, opções de tratamento contínuo como o Onapgo podem ajudar a tornar os dias com Parkinson mais previsíveis”, explica Andrea Merriam, CEO da Aliança para Parkinson e Distúrbios do Movimento.