Domingo, 22 de dezembro de 2024

Pena de militares que atiraram 257 vezes em carro de músico no Rio de Janeiro para 3 anos

O Superior Tribunal Militar (STM) acatou nesta quarta-feira (18) parte do recurso da defesa e reduziu as penas de oito militares do Exército acusados pelas mortes do músico Evaldo Rosa e do catador de latinhas Luciano Macedo, em abril de 2019, no Rio de Janeiro.

Dois dos militares foram sentenciados a 3 anos e seis meses de detenção. Outros seis militares, a três anos de detenção. Todos vão cumprir a pena em regime aberto.

Não cabe mais recurso da decisão na Justiça Militar, já que o STM é a última instância. Entretanto, a constitucionalidade da decisão pode ser questionada no Supremo Tribunal Federal (STF).

O carro em que Rosa estava com familiares foi fuzilado pelos militares. Segundo a perícia, 62 tiros perfuraram o veículo. Nove atingiram o músico, que morreu no local.

O sogro dele também foi baleado, mas sobreviveu. Eles estavam a caminho de um chá de bebê.

Já Macedo passava pelo local e foi atingido pelos tiros ao tentar ajudar a família de Rosa. O catador chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

A mulher de Rosa, Luciana Santos, e o filho do casal, acompanharam a retomada do julgamento pelo STM. Na chegada à corte, ela se emocionou e disse que esperava que fosse mantida a condenação dos militares.

Ao final do julgamento, ela lamentou a redução da pena e disse que não confia mais na Justiça.

“Uma decisão horrível, lamentável, triste. Muito complicado. Mas era um pouco de se esperar. Porque no país em que a gente vive a gente sabe que não existe justiça, principalmente para pobre e preto”, disse.
Ela afirmou que não pretende recorrer da decisão.

“Vou ver com os meus advogados pra ver o que a gente pode fazer. Mas por mim pararia por aqui mesmo. Não confio porque sabemos que a Justiça é muito falha, e algo que faz muito mal pra mim, pra minha família, pro meu filho. É como eu tivesse que voltar no início de tudo o que eu vivi seis anos atrás”, afirmou.

Condenação em 2021

Em outubro de 2021, os oito militares foram considerados pela Justiça Militar culpados de dois homicídios – de Rosa e Macedo – e de uma tentativa de homicídio – do sogro do músico.

O tenente Ítalo da Silva Nunes, que chefiava a ação, foi condenado a 31 anos e seis meses de prisão. Os outros sete militares receberam pena de 28 anos de prisão.

A defesa dos militares alegou que eles agiram em legítima defesa e recorreu da condenação ao STM. Todos eles aguardavam o julgamento desse recurso em liberdade.

Em depoimento, os militares alegaram que confundiram o carro de Rosa com o de bandidos que, pouco antes, haviam disparado contra eles e que estavam perseguindo.

Julgamento no STM

O STM havia dado início ao julgamento do recurso em fevereiro. O relator, ministro Carlos Augusto Amaral, apresentou voto em que absolvia os militares do crime de homicídio contra Rosa. Ele considerou não haver provas suficientes para a condenação.

Amaral se baseou no fato de haver dúvida se o primeiro tiro que atingiu o cantor, na cabeça, foi ou não disparado pelos militares.
Amaral ainda votou pela mudança da sentença em relação a Macedo, de homicídio doloso (quando há intenção de matar) para homicídio culposo (quando não há intenção). E defendeu a redução da pena para cerca de três anos de detenção em regime aberto.

(As informações são do G1)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Câmara dos Deputados aprova fim do DPVAT
Após mais de sete meses da enchente histórica, voos internacionais são retomados no aeroporto Salgado Filho
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play