Quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Pesquisa inédita de estudante carioca pode revolucionar tratamento de sepse no mundo

Uma pesquisa de um estudante carioca de graduação de Ciências Biológicas do Rio de Janeiro pode revolucionar o tratamento contra a sepse mortal (que pode levar à infecção generalizada) e abrir caminho para a concepção de uma vacina inédita com a patente brasileira, além de medicamentos de uma possível cura contra a doença que mata 11 milhões de pessoas no mundo por ano. O estudo foi levado à Organização Mundial da Saúde (OMS), com sede em Genebra, para passar por uma revisão de cientistas internacionais.

No Brasil, a pesquisa já está em fase final à espera apenas da filmagem da manipulação e do resultado para ser transcrito cientificamente. Para isso, deve entrar em laboratório para testes na próxima semana. Após passar por esse processo, o estudo será encaminhado ao Ministério da Saúde para fazer o registro da descoberta e seguir novamente para OMS, para ser certificado por cientistas da entidade.

Uma fonte ligada ao processo de descoberta afirma que o estudante iniciou a pesquisa por simples curiosidade no laboratório da faculdade e passou a analisar a mortalidade de uma bactéria “antiga”, ou seja, muito presente no ambiente hospitalar (Staphylococcus aureus). Ao “quebrar” o DNA do parasita, responsável por diversos tipos de infecção, desde furúnculos até septicemias (sepse), endocardites (infecções no coração) e abscessos, passou a estudar cada parte dos cromossomos e genomas, onde identificou uma anomalia “variante” que torna a sepse mortal. Após o estudo da variante da bactéria, tende-se a iniciar um estudo de vacina e antibióticos para combatê-la.

Segundo o jornal O Globo, a pesquisa do estudante, cuja identidade está sendo mantida sob sigilo e mora na zona norte do Rio, surpreendeu até mesmo renomados cientistas presentes durante a exposição da pesquisa feita na Fiocruz, pelo alto nível de conhecimento e “QI fora da curva”. Identificado como A.J.H., o estudante faz o curso na modalidade EAD e usa apenas o laboratório da faculdade na modalidade presencial.

A descoberta consistiu em identificar o que torna a sepse “mortal” e como os cílios do parasita, que funcionam como “antenas”, captam que estão sendo atacadas por antibióticos, proliferando sua prole gerando novas bactérias que agravam o quadro do paciente. O objetivo da pesquisa é tentar neutralizar as informações que chegam a esses cílios e impedir a proliferação de parasitas mortais.

“A pesquisa apresentada é realmente promissora e potencialmente revolucionária. A identificação de uma “anomalia variante” no Staphylococcus aureus e a descoberta de como os cílios bacterianos respondem ao ataque antibiótico são avanços significativos”, avalia Leonardo Weissmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).

Porém, ele pondera ser importante “abordar essa descoberta com cautela”: — A ideia de neutralizar a comunicação dos cílios bacterianos para impedir a proliferação é inovadora, mas ainda será necessário confirmar se essa abordagem pode ser eficaz. A pesquisa ainda está em fases preliminares, e o processo que inclui testes laboratoriais, validação científica e, posteriormente, ensaios clínicos é longo e complexo. Traduzir esses achados em uma vacina ou tratamento eficaz e seguro envolve muitos desafios técnicos e regulatórios.

O registro na OMS foi entendido como necessário antes de começar o desenvolvimento da pesquisa por precaução de plágio e também como um respaldo em caso de vazamento. Em caso de avanço do estudo e posterior registro no Ministério da Saúde e OMS, espera-se que tenha início a fase mais experimental e burocrática do processo com análise de autorização da Anvisa, insumos, testes em animais e em grupo de pessoas, no caso de vacina e medicamentos.

De acordo com um especialista envolvido com a pesquisa, uma vacina pode ser desenvolvida em até três anos. Já para o desenvolvimento de um medicamento o tempo deve ser bem menor. É preciso ainda levar em consideração fatores geográficos e climáticos dos países.

Dados publicados em 2020 pela OMS mostram que foram registrados cerca de 50 milhões de casos e 11 milhões de mortes relacionadas à sepse em todo o mundo, representando 20% de todas as mortes globais.

Segundo dados do SUS, a taxa de mortalidade por sepse no Brasil é de aproximadamente 60%, sendo superior à de outros países semelhantes no mundo e bem acima do encontrado em nações desenvolvidas, onde os percentuais giram em torno de 20%.

No período de 2018 a 2022, foram registrados 113.059 mil óbitos por sepse no Brasil, aponta pesquisa divulgada no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences.

Na Europa, por exemplo, o número de mortes também impressiona. “Cedendo 85.000 vidas por ano, a sepse é a terceira causa mais frequente de morte na Alemanha. Duas vezes mais pessoas morrem em hospitais de sepse do que de derrame e ataque cardíaco combinados”, aponta o ministério da Saúde da Alemanha.

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