Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Pneumonia misteriosa: China manda relatório para a Organização Mundial da Saúde sobre aumento de casos da doença

Quais são as doenças respiratórias que estão aumentando no norte da China, especialmente em crianças? Quase quatro anos depois dos primeiros sinais de covid-19, Pequim fala em vírus já conhecidos e culpa a primeira estação fria desde o fim das restrições à pandemia. Apesar das incertezas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os especialistas não acreditam atualmente que haja um novo vírus circulando no país.

No dia 13 de novembro, as autoridades chinesas relataram um aumento de doenças respiratórias, principalmente entre crianças. Eles atribuem isso ao abandono das restrições anticovid, à chegada do frio e à circulação de patógenos conhecidos (vírus da gripe, bactéria Mycoplasma pneumoniae, RSV que causa bronquiolite ou SARS-CoV-2).

O sistema de vigilância ProMED – que no final de 2019 deu o primeiro sinal de alarme sobre a misteriosa pneumonia que acabou por ser a Covid-19 – alertou na segunda-feira para os hospitais “cheios de crianças doentes” com uma infeção respiratória desconhecida. Houve também alguns casos de adultos, especialmente professores.

Um surto foi registrado principalmente em Pequim e em cidades como Liaoning, no nordeste do país.

Febre, inflamação pulmonar sem tosse, às vezes nódulos pulmonares. Até o momento, nenhuma morte foi registrada.

Em Pequim, no hospital do Instituto Pediátrico, jornalistas da AFP viram uma multidão de pais e crianças na quinta-feira. Alguns pais mencionaram infecções por micoplasma, uma causa conhecida de pneumonia pediátrica, que é tratada com antibióticos.

China e a OMS

Quase quatro anos após o aparecimento na China de uma misteriosa “pneumonia viral”, a notícia reacende os temores de uma possível nova pandemia. Mensagens nas redes sociais falam de preocupação com “um novo vírus da China” ou “uma nova Covid”.

A OMS, que várias vezes censurou Pequim pela sua falta de transparência sobre a pandemia e foi ela própria criticada pela demora na resposta à Covid, pediu mais informações sobre o aumento das infecções respiratórias em crianças.

A China respondeu na quinta-feira que “nenhum patógeno novo ou incomum foi detectado”, mas observou “um aumento nas consultas ambulatoriais e nas hospitalizações de crianças devido ao Mycoplasma pneumoniae desde maio e, desde outubro, ao VSR, ao adenovírus e à gripe”, informava o comunicado da China à OMS.

Pequim possui um sistema de vigilância para doenças semelhantes à gripe e a infecções respiratórias agudas graves, como gripe, RSV, SARS-CoV-2, segundo a OMS. Em meados de Outubro, o país começou a reforçar a vigilância de diversas doenças respiratórias, incluindo, pela primeira vez, o Mycoplasma pneumoniae.

Para a OMS, “há pouca informação detalhada disponível para caracterizar completamente o risco global destes casos de doenças respiratórias em crianças”, mas com “a chegada do inverno era esperada uma tendência crescente de doenças respiratórias”.

O que os especialistas pensam? Vários especialistas mencionam as repercussões do primeiro inverno desde a interrupção das restrições anticovid na China e a falta de imunização infantil como prováveis ​​causas do aumento das infecções.

“A China viveu um confinamento muito mais longo e rigoroso do que outros países, por isso (o aumento das doenças respiratórias) era de esperar”, afirmou o professor François Balloux, do University College of London, no British Science Media Centre (SMC). “Até que haja novas evidências, não há razão para suspeitar do surgimento de um novo patógeno”, acrescentou.

“Há muito pouca informação para fazer uma avaliação definitiva. Pelo que sabemos não se trata de uma epidemia causada por um novo vírus, senão haveria muito mais infecções em adultos”, afirmou Paul Hunter, da Universidade Britânica de East Anglia. “As poucas infecções relatadas em adultos sugerem imunidade (geral) decorrente de exposição anterior”, ressaltou.

Catherine Bennett, da Universidade Deakin, na Austrália, salienta que “as crianças pequenas na escola (atualmente) na China terão passado até metade das suas vidas sem a exposição habitual a agentes patogénicos comuns, ou seja, sem os mesmos níveis de imunidade”.

Recomendações

As medidas para reduzir o risco de doenças respiratórias recomendadas pela OMS são vacinação, distanciamento dos doentes, isolamento em caso de sintomas, máscaras e testes de rastreio.

“Com base na informação disponível, não são recomendadas medidas específicas” para os viajantes que vão para a China, nem restrições às viagens ou ao comércio, acrescenta a OMS.

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