Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025

Polícia Federal amplia a abertura de inquéritos sobre crimes ambientais

A Polícia Federal (PF) manteve um ritmo acelerado de investigações em 2024, com uma média de 126 inquéritos abertos por dia. De acordo com o jornal “O Globo”, até 16 de dezembro foram registrados 44.392 procedimentos, incluindo 5.250 voltados a crimes ambientais.

Esse aumento, de 12% em relação a 2023 e de 30% em comparação a 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, reflete a intensificação das apurações sobre as queimadas no Brasil, especialmente nos Estados da Amazônia, Pará, Acre e Rondônia. Os dados também abrangem crimes relacionados ao patrimônio histórico e cultural e aos povos originários.

Em outubro, o periódico revelou que fazendeiros e empresários foram apontados como responsáveis pelos mega-incêndios na Amazônia e no Pantanal. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) impôs R$ 451 milhões em multas a 138 alvos, com destaque para a destruição de vegetação nativa sem autorização.

O governo, por sua vez, enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei para endurecer as punições aos infratores, embora o texto ainda aguarde votação.

A quantidade de inquéritos sobre crimes ambientais representa uma parcela significativa das investigações da PF, com crescimento contínuo desde o ano de início do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Mas análise dos dados revela uma redução de 18% no total de investigações em comparação àquele período.

Para o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a diminuição não significa menor produtividade, mas sim um aumento da eficiência da corporação: “Reduzimos a área de desmatamento e apreendemos mais drogas, o que mostra que os resultados melhoraram, mesmo com um número menor de inquéritos”.

Aspecto político

Além dos crimes ambientais, a PF concluiu investigações de relevância política, como a apuração de uma tentativa de golpe de Estado que visava manter o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas urnas. A operação resultou no indiciamento de 40 pessoas, incluindo Bolsonaro e o general e ex-ministro Walter Braga Netto.

Em outubro, o militar foi preso por tentativa de obstrução das investigações, com foco na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

No final do ano passado, Rodrigues enfrentou críticas por parte de parlamentares após a PF investigar pronunciamentos de deputados, que haviam feito acusações contra o delegado Fábio Shor, responsável por inquéritos envolvendo o ex-mandatário.

Além disso, investigações sobre possíveis desvios de emendas parlamentares também estão em andamento, incluindo a operação Overclean, que apura irregularidades em contratos do Dnocs, autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. (Com informações de “O Globo”)

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