Sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Polícia prende em Canoas seis investigados por envolvimento no “conto do bilhete premiado”. Uma das vítimas perdeu R$ 35 mil

A Polícia Civil deflagrou nessa sexta-feira (21) uma operação contra um grupo de Canoas (Região Metropolitana de Porto Alegre) especializado no golpe conhecido como “conto do bilhete premiado”. Ao menos seis envolvidos foram presos, no âmbito de uma investigação iniciada depois que um idoso perdeu R$ 35 mil ao ser ludibriado.

Também foram cumprias ordens judiciais de busca e apreensão, em um roteiro que inclui Caxias do Sul (Serra Gaúcha) e Passo Fundo (Região Norte), além de Santa Catarina. Dentre os itens recolhidos estão celulares, cartões bancários e quantia não informada de dinheiro-vivo.

Conforme titular da 3ª Delegacia de Canoas, responsável pelo caso, Luciane Bertoletti, a quadrilha pulverizou o dinheiro da vítima entre os seus integrantes: “A maior parte do dinheiro foi usada para compra de dólares em diferentes casas de câmbio, bem como na aquisição de criptoativos [bitcoin etc.]”.

Como funciona

O “modus operandi” é o semelhante ao que as autoridades já conhecem há muitas décadas, mas que ainda faz vítimas em todo o País – assim como o “conto do pacote”, o “jogo do dedal” e outras modalidades. Com variações conforme cada caso, o esquema funciona mais ou menos assim:

Separadamente e em momentos diferentes, três ou quatro pessoas abordam a vítima em alguma calçada. No primeiro contato um estelionatário finge ser pessoa simples, pobre ou mesmo analfabeta. Ele pede informações à vítima sobre um endereço (na verdade inexistente) e explica ser portador um bilhete ou volante premiado de loteria.

Em seguida, um comparsa bem-vestido e que se mostra tão instruído quanto bem-intencionado simula estar passando casualmente pelo local. Ele se aproxima, dizendo ter ouvido a conversa, e se dispõe a ajudar a pessoa que está com o comprovante da aposta.

Esse segundo criminoso entra em contato com outro cúmplice, que se passa por gerente da Caixa Econômica Federal. Diante da vítima do golpe, ele assegura que os números realmente “foram sorteados” e explica como o “prêmio” deve ser sacado.

Nesse momento, o primeiro estelionatário menciona um problema bancário ou burocrático que o impede de retirar a quantia (perda dos documentos ou o “nome sujo” no comércio, por exemplo). Ele então promete dar uma polpuda recompensa aos dois “voluntários” para que saquem a bolada, desde que eles deixem um valor em garantia.

O segundo golpista convence a vítima de se trata de algo vantajoso para todas as partes envolvidas. Ele simula uma transferência ou pagamento em dinheiro para levar o “bilhete premiado” até a agência bancária da Caixa e o incauto, convencido do “bom negócio”, acaba fazendo o mesmo – às vezes, entregando cartão e senha.

De posse do dinheiro, os golpistas partem para o despiste e fuga. Pedem, por exemplo, que ela compre uma bebida ou faça algum favor, e aproveitam para desaparecer para sempre, deixando para trás mais uma vítima.

(Marcello Campos)

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