Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Pouco conhecido até nos EUA, trem subterrâneo funciona abaixo do Congresso em Washington DC

Frequentado por presidentes, magistrados da Suprema Corte e até estrelas de Hollywood, é o meio de transporte preferido de alguns dos políticos e ativistas mais influentes do mundo. No entanto, poucos nos Estados Unidos sabem de sua existência.

O Capitol Subway System, uma rede de trens no subsolo da labiríntica sede do Congresso de Washington DC, transporta políticos há mais de um século.

Cenário de uma tentativa fracassada de assassinato, uma apresentação off-Broadway e esconderijo de um presidente que desapareceu do Salão Oval, o trem do Congresso já foi manchete mais de uma vez, mas também encanta visitantes anônimos diariamente.

“As crianças adoram, então sempre há senadores dispostos a levar parentes com crianças ou sobrinhos”, disse Dan Holt, um dos historiadores do Senado, à AFP.

Os trilhos se estendem por quase um quilômetro, e os 90 segundos para ir de uma estação a outra sob as luzes de néon dão tempo suficiente para um breve debate político, uma pequena fofoca, uma entrevista coletiva improvisada ou um momento de devaneio.

Enquanto senadores, ex-presidentes como Ronald Reagan e Barack Obama, também viajaram a bordo do trem do Congresso. O jovem “JFK”, então simplesmente senador Jack Kennedy, teve sua entrada negada, quando lhe disseram “afaste-se dos senadores, filho”.

“Sorte… má pontaria”

Hoje, a movimentada estação principal do sistema de transporte do Capitólio fica agitada toda vez que o Senado está em sessão, quando jornalistas se aglomeram para entrevistar os legisladores antes de uma votação. Mas as trocas nem sempre são amigáveis.

Em 1950, uma senadora republicana, Margaret Chase Smith, estava prestes a fazer um discurso muito crítico a seu colega Joe McCarthy, que liderava uma caça às bruxas contra os comunistas.

“Margaret, você parece muito séria”, disse McCarthy a Smith, segundo Holt. “Você vai fazer um discurso?” “Sim”, respondeu ela, “e você não vai gostar muito”.

Três anos antes, um ex-policial do Capitólio, William Kaiser, atirou no candidato presidencial John Bricker. O senador de Ohio entrou no trem gritando para o condutor dar a partida quando uma segunda bala passou por cima de sua cabeça.

“A sorte e a falta de pontaria de seu agressor salvaram o senador”, noticiou o jornal “New York Times” na época. O atirador fugiu, mas foi preso depois.

Os políticos também encontraram um refúgio de paz nos vagões do Congresso, longe do ritmo frenético da capital.

William Howard Taft, o 27º presidente dos Estados Unidos, causou pânico entre seus assessores em um sábado de janeiro de 1911, quando desapareceu por cerca de uma hora para ver os trens.

“Um grande arrepio de medo tomou conta da cidade enquanto perguntas ávidas à Casa Branca geravam a resposta de que o presidente não poderia ser encontrado. O alarme se espalhou como um incêndio”, relatou o “Washington Times” na época.

Estilo Disneylândia

A primeira rede de transporte subterrânea do Congresso foi inaugurada em 7 de março de 1909, para senadores que esperavam evitar o forte calor úmido do verão em Washington, quando precisavam ir de seus gabinetes ao plenário.

Eles eram originalmente carros elétricos Studebaker, substituídos três anos depois por um sistema de monotrilho. Então, em 1960, quatro pequenos trens elétricos foram inaugurados, apelidados pelo capelão do Senado como “o expresso da democracia”, a um custo de US$ 75 mil na época.

Cinco anos depois, uma linha para a Câmara dos Representantes conectou o prédio de escritórios Rayburn ao Capitólio. E em 1993, um trem sem condutor ao estilo Disneylândia de US$ 18 milhões começou a circular com grande alarde.

Famosos entusiastas do sistema incluem os atores Richard Gere, Chuck Norris e Denzel Washington, o comediante Jon Stewart e o astro do rock Bono.

O compositor e ator Lin-Manuel Miranda, autor do musical “Hamilton”, chegou a se filmar em 2017 cantando a plenos pulmões a bordo do que descreveu como “o trem secreto do Congresso”.

Com o aumento da conscientização por uma vida saudável, mais legisladores têm preferido caminhar para se manter em forma e o número de passageiros diminuiu.

Mas eles nunca desaparecerão completamente enquanto os legisladores precisarem correr entre uma reunião e uma votação. “Se você está com pressa, é ótimo”, disse Holt à AFP.

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