Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025

Prédio da Casa Civil do governo gaúcho recebe cápsula do tempo durante restauro final

Às vésperas do término das obras do prédio da Casa Civil, na rua Duque de Caxias, no Centro Histórico de Porto Alegre, um gesto simbólico reforça a conexão entre passado, presente e futuro. Uma cápsula do tempo foi colocada na porta principal da edificação nesta quinta-feira (6) pelo governador Eduardo Leite e pelo secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, marcando a etapa final de requalificação da estrutura, que integra o Complexo Palácio Piratini. A cápsula deverá ser aberta daqui a 50 anos, em 2075.

Dentro da caixa plástica, vedada com borracha, foram depositados a lista com o nome de todos os trabalhadores que participaram da obra de requalificação, uma edição da revista comemorativa ao centenário do Palácio Piratini, edições de jornais do dia, moedas, além de um pendrive contendo fotos das obras executadas e uma carta aos habitantes do futuro sobre o trabalho de conservação desenvolvido no presente.

O governador, o secretário e servidores da Casa Civil também deixaram mensagens sobre como imaginam o mundo em 50 anos. Entre os desejos elencados por Leite e por Artur Lemos para o futuro, está a superação de grandes desafios da atualidade, como as mudanças climáticas e a desigualdade social.

O ato foi pensado a partir de um vínculo direto com o passado do 1005. Há 117 anos, em 10 de janeiro de 1908, o jornal A Federação noticiava a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do prédio, dando início oficial à sua construção. Na ocasião, segundo o texto, uma caixa de madeira de louro foi depositada na soleira da porta principal, na esquina das ruas Duque de Caxias e General Auto, contendo uma edição de todos os jornais em circulação, a segunda via da ata de início da obra, assinada por todos os presentes na cerimônia, e moedas da época. Durante as obras do 1005, foram feitas inúmeras buscas à cápsula original, que acabou não sendo encontrada, mas a procura despertou a ideia para a criação de um novo registro para o futuro.

“Revisitar o passado do 1005, por meio da cápsula do tempo, é fundamental para compreendermos a evolução do Complexo Palácio Piratini. Mais do que um objeto, ela é um artefato que registra memórias, documentos e visões de uma época e que reafirma nosso compromisso com a preservação e a memória cultural destes prédios. Entender essa conexão entre passado, presente e futuro é o que também nos permite avançar nas estratégias de preservação deste espaço tão importante, que agora está renovado para seguir pelos próximos anos”, avaliou o diretor-executivo de Gestão do Complexo Palácio Piratini, Mateus Gomes.

Áreas interna e externa

As obras de requalificação do 1005 começaram em janeiro de 2023 e são o maior conjunto de ações de restauro já implementado no prédio.

O principal foco do projeto foi a adequação de toda a edificação, que dispunha de instalações precárias e inadequadas, para proporcionar mais bem-estar aos servidores e trabalhadores terceirizados que a utilizam diariamente. Entre as benfeitorias, estão o tratamento de pisos, pintura de paredes e forros, criação de espaços de convivência, ampliação dos ambientes com a remoção de divisórias, tratamento e pintura da fachada, além de aquisição e padronização de novos mobiliários.

Sobre o prédio da Casa Civil

A edificação é conhecida como 1005 pelos servidores devido à sua localização, na rua Duque de Caxias, número 1005. Construído entre 1908 e 1909, o espaço desempenhou diferentes funções ligadas ao poder público ao longo do século XX. Inicialmente, serviu como espaço para resguardar a burocracia presidencial durante a construção do novo Palácio do Governo, entre 1909 e 1921. Mais tarde, na década de 1920, após passar por ampliação e reformas, o prédio foi ocupado pela Escola Complementar, atual Instituto de Educação. Também há menções a sua utilização como anexo da Casa da Junta, atual Memorial do Legislativo.

Com estilo eclético, misturando elementos arquitetônicos do neoclassicismo e do barroco, o prédio não tem autoria confirmada, sendo os mais citados como possíveis autores do projeto arquitetônico o engenheiro civil Álvaro Nunes Pereira, o arquiteto e engenheiro Affonso Hebert ou ainda o desenhista Attilio Trebbi, todos vinculados à Secretaria de Obras Públicas.

Integrante do Complexo Palácio Piratini, o 1005 abriga a Secretaria da Casa Civil e integra o Sítio Histórico da Praça da Matriz, região tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2003, devido a sua importância cultural.

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