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Por Redação Rádio Pampa | 27 de agosto de 2023
Para entrar em uma pista de julgamento e receber as rosetas, também chamadas de escarapelas, as grandes estrelas da Expointer passam por um longo caminho de preparação, que já se inicia nos primeiros meses de vida de um animal, ainda na fazenda. Além da qualidade genética, especialistas e produtores consideram fundamental o equilíbrio entre nutrição, sanidade, bem-estar e manejo adequado dos animais.
“Ter um campeão é chegar ao ápice da carreira de pecuarista. É uma grande satisfação para o produtor, mas é uma vitrine e uma oportunidade para abrir novos mercados”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Limousin, Edgar Ferreira Lima, o Cacaio, da Fazenda Boa Esperança, de Cachoeira do Sul. Cacaio possui um plantel da raça francesa desde 2001 e já arrematou inúmeros prêmios na feira agropecuária. No ano passado, por exemplo, o pecuarista levou o grande campeonato de Limousin com Guardião da Boa Esperança, que também foi o animal mais pesado da feira, com 1.330 quilos. A raça é reconhecida pela qualidade da carne, pelo rendimento da carcaça e pelo seu forte desenvolvimento muscular.
O trabalho, de acordo com Cacaio, se inicia com a preparação de exemplares ainda jovens. A dieta combina ração, casca de soja triturada, silagem e pasto. Além disso, a conformação, a sanidade e o manejo são essenciais para o bom desenvolvimento de um campeão. Conformação, aprumo e caminhada são outros quesitos considerados importantes para se ter um campeão na pista de julgamento. Um mês antes da exposição, por exemplo, a dieta é reforçada. Os animais passam a ganhar três refeições, uma a mais do que as duas habituais, para ganhar peso.
“Dedicação, treinamento, superação e foco. O trabalho de um ano tem que ser apresentado em 16 minutos, de quarta a domingo. É muito pouco tempo para errar. É dedicação, é entrega”, sintetiza o vice-presidente de Exposições Morfológicas e Modalidades Seletivas da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Crioulo, André Rosa, ao falar sobre as provas e a final do Freio de Ouro. “Quem souber estudar a genética do processo e escolher o indivíduo que se enquadre no processo, tendo determinação e foco, chega lá”, completa.
O Presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, reitera que, além da genética, a boa seleção de matrizes, que serão mães, avós ou bisavós de um campeão ou de uma campeã, é essencial para o caminho do sucesso. “O produtor tem que ter esse conhecimento”, afirma. Ele ressalta que toda a preparação começa em casa. O produtor deve trabalhar para que a qualidade genética se expresse no animal. Isso passa por dieta, estrutura adequada, água de qualidade, atenção para a sanidade e atenção ao bem-estar.
“Para ser campeão, também precisa de temperamento, principalmente quando a prova exige função. Uma vaca leiteira que está produzindo 70 ou 80 litros por dia, em casa, pode ter queda de 20% ou 30% na produção por estar em um ambiente que não é o dela”, ressalta, observando que o animal pode ser treinado. “A dedicação e trabalho em casa são fundamentais e têm que se aliar ao conhecimento. Trabalho sem conhecimento é uma loucura, e conhecimento sem trabalho é discurso vazio”, completa Tang.
Além da expansão de mercados e da maior visibilidade para o trabalho de uma cabanha, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Gressler, sustenta que a conquista de uma roseta contempla todo o trabalho que foi feito na propriedade. “Além disso, a ovinocultura tem um viés social, que é da manutenção do homem no campo, da família. É uma espécie doméstica, que requer cuidado. Você não vê uma ovelha andando sozinha, ela anda com o rebanho, é gregária e nos faz ser mais solidários”, afirma.