Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Presença nas redes sociais, combate ao bolsonarismo e olho em 2026: as prioridades do novo ministro da Comunicação Social

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, assumiu o cargo com o compromisso de intensificar a atuação do governo nas redes sociais, de olho no enfrentamento ao bolsonarismo e à disseminação de fake news. Após solenidade no Palácio do Planalto, o auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva avisou que pretende abrir “imediatamente” uma licitação para reforçar a atuação do governo nas plataformas digitais.

Com previsão de investimento de R$ 197 milhões, a chamada para a contratação de agências de comunicação foi suspensa no ano passado, após indícios de irregularidades. Na semana passada, porém, o Tribunal de Contas das União (TCU) liberou o Executivo a fazer uma nova chamada.

Os novos valores e o edital ainda estão sendo fechados, mas uma condição é certa: o novo certame também contará com recursos vultuosos. A previsão de ações contra fake news, que já constava no processo liderado pelo antecessor de Sidônio, Paulo Pimenta, será mantida. A ideia de Sidônio, no entanto, é acrescentar novos parâmetros com foco no ambiente digital.

“Eu pretendo fazer uma nova licitação digital. Essa antiga não nos vale mais e não nos interessa. E vamos nos encaminhar o mais rápido possível para fazer isso, ainda neste semestre”, disse Sidônio.

Como marqueteiro, Sidônio liderou a estratégia da campanha presidencial vitoriosa de Lula em 2022. Agora no governo, o foco é tentar impulsionar a popularidade do presidente. Auxiliares do Planalto afirmam que o principal objetivo de Lula ao alterar a rota da comunicação é chegar bem posicionado em 2026, quando o petista pretende disputar a reeleição.

Ainda que ocorra de forma célere, com todos prazos legais de uma licitação, o governo Lula poderá contar, na prática, com um novo contrato de empresas que prestem serviços digitais apenas no segundo semestre.

Barrada pelo TCU

Desde o fim do ano passado, ainda na gestão de Pimenta, a Secom passou a preparar um segundo edital para substituir a licitação barrada pelo TCU. Na semana passada, em decisão, o ministro do tribunal Aroldo Cedraz liberou a contratação da Secom e também arquivou a investigação.

Em julho do ano passado, Cedraz suspendeu a licitação da Secom voltada para a comunicação digital do governo Lula após suspeita de violação do sigilo na escolha das contratadas. Isso porque a lista de vencedoras foi antecipada na véspera da divulgação do resultado pelo site “O Antagonista”.

O edital anterior previa a seleção de quatro agências ou consórcios e reuniu 24 licitantes interessadas no contrato. Cada uma teve que propor uma campanha para combater desinformação.

Enquanto Sidônio dá celeridade ao novo certame, a Secom encomendou na segunda-feira a quatro agências de propaganda que já possuem contrato com o governo uma campanha digital para “combater fake news sobre o Pix”.

As mensagens falsas em torno do Pix, que circulam desde a semana passada, em meio à falta de compreensão sobre o novo formato de fiscalização de movimentações financeiras feito pela Receita, assustaram o governo.

“Estamos vendo no país essa fake news em relação ao Pix. Não existe na Constituição cobrança de imposto sobre a movimentação financeira. Não tem absolutamente nenhuma mudança, não vai se cobrar nada. Isso é uma atitude criminosa, causando sérias competências para quem tem seus pequenos comércios”, disse Sidônio, na cerimônia de posse.

O novo ministro ainda afirmou que as medidas anunciadas recentemente pela Meta, que alterou política de moderação de conteúdo, “são ruins porque afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional”. Na última semana, a empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp anunciou o fim do sistema de checagem de fatos nas redes nos EUA.

Principais desafios

* Mais visibilidade: A expectativa é que o novo ministro possa dar maior destaque a programas que tenham potencial para ser a cara do novo governo Lula, como o Pé-de-Meia na Educação. A falta de visibilidade a projetos da gestão petista, sobretudo os de cunho social, sempre foi uma queixa do presidente Lula.

* Popularidade: Lula conta com Sidônio para melhorar a sua popularidade e chegar competitivo em 2026, caso decida disputar a reeleição. Segundo Datafolha de dezembro, o governo tinha 35% de avaliação “ótimo ou bom” e 34% de “ruim ou péssimo”. Na sondagem anterior eram respectivamente, 36% e 32%.

* Fake News: Um dos principais desafios será contornar o impacto das fake news que têm atingido o governo, como a suposta taxação de transações via Pix, o que não vai acontecer. O assunto preocupa o Palácio do Planalto, e Sidônio já anunciou que fará mudanças para privilegiar a comunicação digital.

* Comunicação digital: O novo ministro afirmou que pretende abrir “imediatamente” uma licitação para a comunicação digital. Além de ser importante para combater desinformação, há entendimento de que o governo não consegue performar nas redes como a direita.

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