Terça-feira, 22 de outubro de 2024

Presidente da Argentina Javier Milei diz que “adoraria colocar o último prego no caixão do kirchnerismo, com Cristina [Kirchner] dentro”

O presidente da Argentina, Javier Milei, criticou, em uma entrevista de TV, o clima de tensão que existe atualmente dentro do kirchnerismo e, numa declaração que atraiu uma enxurrada de críticas, assegurou que “adoraria colocar o último prego no caixão do kirchnerismo, com Cristina [Kirchner] dentro”.

Menos de 24 horas depois das polêmicas declarações do presidente de ultradireita, a ex-vice e ex-presidente do país (2007-2015) — que em 2022 foi vítima de um atentado quando entrava em seu apartamento do bairro portenho da Recoleta —, respondeu:

“Então agora você quer me matar também? Pare de ameaçar e aprenda a administrar o Estado, porque você sabe uma coisa, Javier Gerardo Milei, mesmo que me matem e nem cinzas restem de mim, o seu governo é um fracasso e você, como presidente, nos envergonha a todos”, disse.

As declarações do chefe de Estado foram feitas durante uma entrevista ao canal de TV Todo Notícias, do grupo Clarín. Milei foi questionado pela rivalidade dentro do kirchnerismo entre Cristina e o governador da província de La Rioja, Ricardo Quintela, que disputam a candidatura para as eleições legislativas de 2025. Na segunda-feira (21), Quintela saiu em defesa de Cristina e questionou a atitude do presidente.

“É inaceitável a forma como Javier Milei se expressou com ódio crescente a seus adversários, legitimando a violência contra aqueles que não pensam como ele. Desejou a morte de uma ex-presidente, que foi vítima de uma tentativa de assassinato até hoje impune”, argumentou.

Em sua resposta ao presidente, Cristina disse que Milei “está nervoso e agressivo porque todas as coisas idiotas que disse na TV durante anos, e continua repetindo, são apenas isso: coisas idiotas”.

“Seria bom se, em vez de me insultar e me ameaçar de morte, você encontrasse uma maneira de que os argentinos pudessem voltar a comer quatro vezes por dia, que seus filhos pudessem crescer saudáveis para estudar e progredir, e que os idosos pudessem ter seus remédios para poder viver”, acrescentou a ex-vice presidente.

Cristina comparou o atual momento político ao da última ditadura, dizendo que falas de Milei lembram uma época em que “se pensava que a morte do adversário era a solução”.

“Considero você e a mídia que possibilita discursos de violência ilimitada responsáveis, não apenas pelo que possa acontecer comigo, mas por outros peronistas, membros de outras forças políticas da oposição e organizações livres”, enfatizou Cristina, que recebeu mensagens de solidariedade por parte de dirigentes kirchneristas e de outros partidos da oposição.

O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, um dos que desafiam a liderança de Cristina dentro do kirchnerismo, afirmou que a declaração de Milei foi “muito grave, desastrosa e indigna de um presidente”. “Quantas vezes teremos de repudiar o ódio e a violência das palavras de Milei? Essas declarações de um presidente contra Cristina Kirchner são completamente incompatíveis com a democracia, e espero que recebam o repúdio de todo o sistema político”, escreveu Kicillof em sua conta na rede social X (ex-Twitter).

Já o deputado Germán Martínez, chefe da bancada do kirchnerista União pela Pátria na Câmara, afirmou que “se enganam aqueles que acreditam que essas expressões de Milei afetam apenas Cristina Kirchner ou os peronistas.

“Chega de incitação à violência. A democracia está em perigo. É urgente acabar com isso entre todas as forças políticas.”

Um dos poucos que minimizou a gravidade da fala de Milei foi o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), que recentemente se reaproximou da Casa Rosada e está em plenas negociações para incorporar pessoas de sua confiança ao governo.

“[Milei] É muito frontal e violento para alguns, os velhos achamos que existem outras formas. Mas sua autenticidade é o mais valioso que tem, porque assim as pessoas o vão conhecendo. As pessoas votaram numa pessoa sabendo que tinha uma psicologia especial. As pessoas não são burras, votaram numa pessoa com mandato para destruir e que confronta”, disse Macri, que pretende aliar-se a Milei para as eleições legislativas de 2025.

Segundo informações divulgadas pela imprensa local, o ex-presidente disse, em um jantar recente com empresários, que Milei “está sob controle” e que nas eleições do ano que vem os argentinos optarão por uma direita menos radical. Macri, indicaram as mesmas informações, referiu-se a Milei como “um presidente de transição”, quase como um mal necessário para que a Argentina tenha um governo de direita mais moderado.

 

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