Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025

Produção industrial recua 0,6% em novembro, em queda pelo segundo mês consecutivo

A produção industrial recuou 0,6% em novembro, após leve queda de 0,2% em outubro. O resultado veio em linha com o esperado pelos analistas de mercado, que projetavam queda de 0,7%. Em comparação com novembro de 2023, produção industrial cresceu 1,7%. No ano, a indústria acumula alta de 3,2%. Já em 12 meses, a expansão é de 3%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados pelo IBGE nessa quarta-feira (8).

Apesar da queda neste mês e em outubro, o setor industrial vem mostrando resultados considerados positivos ao longo do ano, como reflexo do cenário de aquecimento economia, com o desemprego em mínimas históricas e o consequente aumento da rendas das famílias, com melhora nas condições de crédito, contexto que impulsiona o setor.

A atividade que teve maior queda e foi a principal responsável por puxar o setor para baixo foi veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,5%). O gerente da pesquisa André Macedo explica que o recuo neste segmento se dá pela base comparação mais elevada, já que em agosto e setembro os resultados foram positivos, com expansão acumulada de 12,7%.

“Destaco que essa atividade, mesmo assinalando redução de 11,5% neste mês, ainda está 14,2% acima do patamar que havia terminado o ano de 2023”, explicou Macedo.

Outro fator que influenciou o resultado final foi a perda disseminada entre os principais produtos do setor, como automóveis, caminhões e autopeças.

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, apesar da queda ser significativa no mês de novembro, o setor registrou um avanço de 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando o sexto mês consecutivo de expansão.

“Esse desempenho evidencia um crescimento robusto e consistente da atividade industrial, que vive um dos seus melhores momentos nos últimos anos”, disse ele, em comentário.

Projeções

Para o ano de 2024, o economista projeta crescimento de 3,2%, como reflexo do desempenho positivo observado ao longo do ano. Porém, para 2025 a expectativa é de desaceleração, influenciada principalmente por dois fatores: a redução do dinamismo da economia global e a manutenção de juros elevados por um período prolongado.

Heliezer Jacob, economista do C6 Bank, também acredita que, apesar do recuo nos últimos meses, a indústria deve encerrar 2024 com crescimento robusto.

“Os números sugerem que a indústria brasileira como um todo avançou em 2024, mesmo com a alta da taxa Selic. Faltando apenas a divulgação dos dados de dezembro, nossa expectativa é de que a produção industrial tenha fechado o ano com expansão próxima a 3%”, comentou ele.

Jacob destaca ainda que no último ano, o setor industrial, ao lado dos serviços, contribuiu positivamente para o PIB, cujas projeções apontam expansão de 3,5% em 2024.

Queda espalhada

Uma das características alarmantes do resultado de novembro foi que 19 das 25 atividades tiveram recuo. Como explicou Macedo, a indústria teve um perfil disseminado de taxas negativas, com todas as categorias econômicas apontando queda na produção.

“Nesse final de ano, o último trimestre de 2024 vem com intensificação no ritmo de perda, de 0,2% em outubro para 0,6%. Esse resultado está em linha com questões como o nível de confiança do empresário e do consumidor mostrando arrefecimento, principalmente pelo conhecimento da política monetária, que eu não acredito que tenha efeito direto, mas gera impacto nas expectativas”, disse o gerente da pesquisa.

Ele menciona ainda o aumento no preço dos alimentos, que traz reflexos sobre a renda disponível e acaba tendo impacto sobre o consumo das famílias, assim como nas decisões das empresas no que se refere ao ritmo de produção, além do efeito do câmbio, que pode ter relação direta com o custo de produção.

“Ainda assim, de maneira geral, o setor segue com saldo positivo nos últimos meses, com ganho acumulado de 1,1%. Isso é reflexo do mercado de trabalho com nível recorde de desocupação, e a consequente massa salarial crescendo. Com isso, esse ano já está se encerrando em um patamar superior ao de 2023. O crescimento de 2024 deve ser o maior desde 2021, quando a produção cresceu 3,9%”, completou.

Desafios

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destacou a importância de políticas econômicas para restabelecer a confiança no cenário fiscal e a redução sustentável na taxa de juros, considerando que, mesmo com o desempenho positivo observado em 2024, o contexto é marcado pela perda de confiança no setor.

A federação considerou ainda que para 2025 as perspectivas são mais desafiadoras, com juros elevados e alta do dólar, que devem pressionar os custos de produção e desestimular investimentos que fortalecem a competitividade industrial.

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