Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Proibição ao TikTok nos Estados Unidos beneficiaria Facebook, Instagram e Google

A perspectiva de um banimento do TikTok dos Estados Unidos tem sido cogitada há anos, mas está mais próxima do que nunca da realidade depois que o presidente Joe Biden sancionou um projeto que dá à controladora chinesa, a ByteDance, nove meses para vender o aplicativo nos EUA ou vê-lo banido no país. Isso ainda não é uma certeza, já que a China sinalizou que bloqueará a venda, e o próprio TikTok prometeu contestar a lei na Justiça.

Embora o objetivo declarado do projeto seja proteger os americanos de suposta espionagem e da influência chinesa por meio do popular aplicativo de mídia social, há outro grupo que se beneficiará: as empresas de tecnologia dos EUA que têm lutado para competir com o TikTok, como a Meta e o Google, e, em menor escala, a Snap e a Amazon.

Para a Meta, em particular, o projeto poderia realizar o que Mark Zuckerberg e sua empresa há anos não conseguem fazer: neutralizar o maior e mais obstinado concorrente que já enfrentaram. Desde que derrubou o Myspace, há 15 anos, a Meta solidificou seu domínio sobre a mídia social por meio de um manual que inclui aquisições astutas, produtos imitadores e mudanças estratégicas. Ela comprou o Instagram e o WhatsApp, neutralizou o Snapchat copiando seu recurso exclusivo Stories e, recentemente, desafiou o X lançando o Threads.

Mas o manual não funcionou contra o TikTok. O Facebook teria tentado comprar seu antecessor, o aplicativo chinês de sincronização labial Musical.ly, em 2016, mas a ByteDance, dona do TikTok, acabou adquirindo-o. Assim, em 2020, o Facebook lançou o Reels, um aplicativo de vídeos curtos com formato e conteúdo quase idênticos aos do TikTok. Embora o Reels tenha crescido de forma constante, em parte graças à sua integração agressiva com o Instagram, o TikTok manteve seu domínio sobre os adolescentes e, ao mesmo tempo, fez incursões entre os adultos.

Na defesa

Em 2022, depois que o principal aplicativo do Meta no Facebook perdeu usuários pela primeira vez, a empresa o reformulou para ficar mais parecido com o TikTok. Com dificuldades para se defender do TikTok no mercado, o Facebook tentou outra abordagem: demonizá-lo.

Em 2022, o The Washington Post noticiou que o Facebook estava pagando discretamente a uma grande empresa de consultoria republicana, a Targeted Victory, para divulgar notícias locais e artigos de opinião que mostravam o TikTok como um perigo para as crianças e a sociedade. E, no ano passado, quando a comissão federal de comércio anunciou planos para impedir que a Meta monetizasse dados pessoais de menores, a empresa criticou a agência por “permitir que empresas chinesas, como o TikTok, operassem sem restrições em solo americano”.

E a Meta está pronta para colher os frutos se o TikTok desaparecer. E ela não será a única beneficiária. Meses depois que a Meta lançou o Reels, o YouTube, do Google, lançou seu próprio recurso de vídeo curto, o YouTube Shorts. Embora não tenha perseguido o TikTok como a Meta fez, o Google também não o defendeu. E poderá ganhar quase tanto quanto a Meta se o TikTok sair de cena.

A analista de mídia social da eMarketer, Jasmine Enberg, prevê que a Meta poderia capturar cerca de 22,5% a 27,5% da receita de anúncios do TikTok nos EUA, aumentando seus ganhos em mais de US$ 2 bilhões em 2025. E prevê que o Google capture de 15% a 20%. “O Instagram Reels ou o YouTube Shorts: é para onde a maioria dos usuários do TikTok migraria”, diz a analista.

Segundo Jasmine, outras empresas de tecnologia dos EUA também poderiam ter ganhos. Embora o recurso de vídeo curto do Snapchat, o Spotlight, não tenha decolado, ele é um concorrente pela atenção dos adolescentes. E a Amazon pode “respirar aliviada se o TikTok Shop desaparecer”, acrescentou ela, já que a gigante do e-commerce tem se esforçado para responder à tendência de “compras sociais e por acaso”.

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