Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 9 de agosto de 2023
Você deixaria uma empresa escanear a sua íris em troca de cerca de R$ 250? Este é o incentivo da Worldcoin, organização que já está na mira de reguladores internacionais devido ao seu plano de registrar dados biométricos das mais de 8 bilhões de pessoas em todo o mundo.
O projeto chegou a disponibilizar três locais de atendimento em São Paulo, mas eles não estão mais disponíveis. A Worldcoin afirmou que a operação por alguns dias no Brasil era um teste e não informou quantas pessoas se cadastraram no País.
“Esses serviços não tinham a previsão de serem permanentes no momento. Esperamos estabelecer serviços contínuos no Brasil no futuro”, disse a Worldcoin.
A iniciativa foi lançada no final de julho por Sam Altman, presidente-executivo da empresa que criou o robô ChatGPT. Segundo a organização, o objetivo é criar um “passaporte digital” que ajude a diferenciar seres humanos de robôs de inteligência artificial.
Mas o projeto ligou um alerta em autoridades e chegou a ser suspenso pelo governo do Quênia, onde 350 mil pessoas já tinham se inscrito, segundo a imprensa local. Órgãos reguladores de dados na França, na Alemanha e no Reino Unido também estão examinando a iniciativa.
O que é a Worldcoin?
A Worldcoin é uma rede de identificação digital, e seus fundadores afirmam que ela vai estimular a inclusão financeira em todo o mundo. A iniciativa alega que o escaneamento de íris é o único meio seguro de determinar a identidade de alguém entre bilhões de pessoas.
A estrutura da Worldcoin tem três frentes:
World ID, como é chamado o passaporte digital que transforma o registro da íris em uma sequência numérica;
Token Worldcoin (WLD), a criptomoeda que será distribuída como recompensa para todos os inscritos;
World App, o aplicativo que permite fazer transações com a criptomoeda.
Projeto
As câmeras e o aplicativo usados pela Worldcoin foram criados pela Tools for Humanity, empresa de Sam Altman, presidente-executivo da OpenAI, que criou o ChatGPT, e Alex Blania.
Mas a Worldcoin afirma que é administrada pela Worldcoin Foundation, que tem sede nas Ilhas Cayman e é definida pelo projeto como “um tipo de organização sem fins lucrativos”.
“A Worldcoin Foundation é [uma organização] ‘sem membros’. Não tem donos ou acionistas. É governada por um conselho com três diretores: Krzysztof Waclawek, Phillip Sippl e Glenn Kennedy, da Leeward Management”, diz o projeto em seu site.
Dados
A foto feita por meio da Orb é usada para criar um código numérico para identificar cada usuário e, de acordo com a Worldcoin, é apagada logo em seguida. Segundo a organização, os usuários não precisam compartilhar nome, número de telefone, e-mail nem endereço.
O código da íris será usado para confirmar a identidade das pessoas e diferenciá-las de robôs. Isso pode ser útil para redes sociais que querem verificar se uma conta está realmente sendo usada por um ser humano, por exemplo.
Mas a Worldcoin vai além e diz que permitirá que governos usem sua infraestrutura em “processos democráticos globais”. A iniciativa também defende que sua ferramenta pode ser um caminho para a criação de uma renda básica universal.