Quarta-feira, 20 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 28 de setembro de 2024
Novas evidências sobre a origem da psoríase, doença cutânea incurável não contagiosa, foram publicadas na revista científica Nature Communications. O estudo recente considera o hormônio hepcidina (responsável pela quantidade de ferro absorvida pelo corpo) como uma possível origem para a condição.
A psoríase se manifesta inicialmente na pele, com o surgimento de placas e lesões avermelhadas, que escamam. Isso leva o paciente a ter uma série de dificuldades nas suas atividades diárias, como no trabalho e até nas suas relações interpessoais.
“Um novo tratamento que visa o desequilíbrio do hormônio do ferro na pele oferece esperança. Esta abordagem inovadora pode melhorar significativamente a qualidade de vida de milhões de pessoas, restaurando sua confiança e bem-estar,” afirma o autor Charareh Pourzand, da Universidade de Bath, na Inglaterra, em comunicado.
De acordo com o novo estudo, pessoas com psoríase geram o hormônio também na pele, enquanto pessoas sem a condição o geram apenas no fígado. A descoberta foi feita com experimentos envolvendo camundongos que ao serem expostos à altos níveis de hepcidina desenvolveram psoríase.
Esse excesso hormonal fez com que a pele deles passasse a produzir ferro em grandes quantidades. Assim, foi observada uma superprodução de células da pele e uma abundância de neutrófilos, ambos ligados à doença crônica.
“No geral, nossos dados sugerem que a hepcidina pode ser um alvo acionável para o tratamento da psoríase cutânea, além dos tratamentos atuais, ou pode ser usada como terapia de manutenção durante a remissão para prevenir a recorrência”, concluem os pesquisadores.
Segundo a dermatologista Natasha Crepaldi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy of Dermatology (AAD), e da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV), no Brasil, a prevalência média da psoríase é de 1,3%, variando entre as regiões.
A especialista explicou que a psoríase apresenta marcadores genéticos. Nestes casos herdados geneticamente os sintomas tendem a ser mais precoces, observados antes dos 15 anos de idade.
“A incidência da psoríase no mundo varia de 1% a 2% da população. Os pacientes com as formas mais graves da doença são as que mais sofrem, porque as medicações mais recentes, os imunobiológicos e inibidores, são muito caros”, enumera a especialista.
Sintomas
É preciso estar alerta ao que costuma ser o padrão das lesões, que por definição são vermelhas, ásperas e escamam. Em algumas situações, essas características podem ser acompanhadas de outros sintomas, como a formação de bolhas de pus em certas partes do corpo, cuja pele é mais grossa, como o pé. A coceira também pode acontecer mais em algumas regiões, como no couro cabeludo, do que em outras do corpo.
Tipos
No total, são oito tipos reconhecidos de psoríase, conforme o Consenso Brasileiro de Psoríase, organizado pela Associação Brasileira de Dermatologia:
* Psoríase vulgar: a forma mais conhecida, com escamas/placas secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos;
* Psoríase invertida: lesões localizadas em áreas de dobras, como joelhos, cotovelos e couro cabeludo;
* Psoríase gutata: lesões em formato de gotas tronco, braços e coxas (bem próximas aos ombros e quadril), associadas a infecções. São mais frequentes em crianças e jovens adultos;
* Psoríase eritrodérmica: acomete todo o corpo com lesões, formando placas vermelhas que podem coçar ou arder constantemente. É o tipo mais raro de todos;
* Psoríase artropática: as lesões são doloridas, predominantes nas pontas dos dedos das mãos e dos pés ou nas grandes articulações, como a do joelho. Pode causar rigidez progressiva e até mesmo deformidades permanentes. São apenas 8% dos casos;
* Psoríase ungueal: surgem depressões puntiformes ou manchas amareladas principalmente nas unhas da mãos;
* Psoríase pustulosa: aparecem bolhas com pus nos pés e nas mãos (forma localizada) ou espalhadas pelo corpo;
* Psoríase palmo-plantar: as lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e solas dos pés.