Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 23 de abril de 2024
Você escolhe o tipo de fonte que vai usar diariamente. Isso acontece toda vez que usa um processador de texto, lê um e-book, envia um e-mail, prepara uma apresentação, cria um convite de casamento e faz um story para publicar no Instagram. Pode parecer apenas uma questão de gosto, mas pesquisas revelam como as fontes podem determinar radicalmente o que se comunica e como se lê.
As fontes são “as roupas que as palavras usam”, disse a tipógrafa, pesquisadora e escritora Beatrice Warde no início do século 20. Elas também exprimem estilo, emoção e autoridade. Como o figurino de um vilão de filme, elas contam silenciosamente parte da história.
“Os sinais que podemos enviar costumam ser bem discretos, como a simetria das formas arredondadas na letra B”, disse Tobias Frere-Jones, designer cujo trabalho inclui a fonte usada na campanha de Obama em 2008. “Mas eles ganham poder ao serem repetidos inúmeras vezes.”
Como as roupas, as fontes também são escolhidas de acordo com a função almejada. Da mesma forma que você não usaria um maiô durante uma tempestade de neve, as fontes precisam se adequar à tecnologia que entrega as palavras (tela ou papel), ao espaço que elas ocupam (alerta do celular, página ou outdoor) e à pessoa que faz a leitura.
Escolher a fonte certa pode aumentar sua velocidade de leitura em uma tela em 35%, de acordo com um grande estudo recente.
As fontes têm elementos sutis que afetam a forma como você as enxerga. De certo modo, elas são como óculos. “As fontes são a lente pela qual você vê o texto escrito”, diz Zoya Bylinskii, pesquisadora da empresa de tecnologia Adobe. As fontes mais utilizadas podem ser divididas em dois tipos: serifadas e não serifadas.
Fontes serifadas, como a Times New Roman e a Garamond, têm “prolongamentos” e “pés” decorativos nas letras – chamados serifas – que tornam o estilo mais distinto. Elas são usadas tradicionalmente em textos mais longos, como livros.
As fontes sem serifa, como a Arial e a Helvetica, são identificadas pelo que não têm: aqueles “prolongamentos” e “pés”. Elas apresentam traços mais limpos e são consideradas melhores para títulos e textos mais curtos.
Outros tipos de fontes incluem as display e as que lembram a escrita cursiva, as script.
Entretanto, mesmo dentro desses grupos, há um universo de variações que afetam como enxergamos as palavras. As características mais importantes reunidas em uma fonte incluem:
– Proporção: tornou-se mais difícil analisar as letras depois que elas começaram a se parecer demais umas com as outras, como quando estão muito compactadas.
– Contraste: a diferença entre a parte mais fina e a mais grossa de cada letra. Se o contraste for muito alto, parte das letras pode desaparecer e fazer você forçar a vista.
– Espaçamento entre letras, também conhecido como “tracking”: junte letras demais num bloco de texto e sua capacidade de leitura vai pedir socorro.
Uma escolha equivocada de fonte pode fazer você confundir as letras. Também pode interferir na sua capacidade de reconhecer rapidamente o formato familiar de uma palavra. Cada fonte tem uma altura-x diferente – literalmente a altura de uma letra minúscula em comparação com uma maiúscula – o que pode tornar as palavras mais fáceis ou difíceis de se ler.
Quando se trata de ler rapidamente um texto curto, como um alerta de celular, a altura-x é um fator importante na legibilidade da fonte. Pesquisadores que estudam rótulos de medicamentos descobriram que a altura-x é muito mais importante do que o tamanho geral da fonte para que um rótulo seja legível.
O dispositivo no qual você está lendo também pode fazer uma enorme diferença: as telas de alta resolução mais recentes (principalmente nos celulares) permitem usar fontes com mais contraste em tamanhos menores. (Ao mesmo tempo, algumas fontes que foram desenvolvidas para telas mais antigas e de baixa resolução parecem um pouco desagradáveis em nossas telas modernas.)