Sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Quatro boas notícias sobre o tratamento do câncer que trazem esperança a pacientes

Todos os anos, dezenas de milhares de médicos se reúnem em Chicago, nos Estados Unidos, para conhecer as últimas novidades no diagnóstico e no tratamento do câncer.

É nesta cidade que acontece o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês) – e, depois de três anos de painéis virtuais ou híbridos por causa da pandemia de covid-19, as sessões voltaram a ser presenciais em 2023.

Na edição deste ano, a conferência científica trouxe uma série de boas notícias e avanços na maneira como a Medicina lida com diversos tipos de câncer.

A seguir, a BBC News Brasil detalha os quatro principais estudos divulgados durante o evento. Eles trazem boas novas para o combate dos tumores de pulmão, cérebro, reto e do linfoma de Hodgkin – um tipo de câncer que afeta células do sistema de defesa.

Segundo médicos que estiveram na Asco 2023, essas novas pesquisas têm o potencial de mudar a forma como pacientes acometidos por essas enfermidades são tratados.

Câncer de pulmão: terapia-alvo para ampliar sobrevivência

O medicamento osimertinibe, da farmacêutica AstraZeneca, já é utilizado para indivíduos com um tipo específico de câncer de pulmão há três anos.

Mas, na Asco 2023, pesquisadores do Yale Cancer Center, nos EUA, conseguiram demonstrar que esse fármaco é capaz de ampliar a sobrevida de pacientes que passaram por cirurgia de retirada do tumor.

Segundo os resultados, ele reduz pela metade o risco de morte quando comparado a um placebo (substância sem nenhum efeito terapêutico). Os autores do trabalho acreditam que os dados reforçam o uso do osimertinibe como tratamento padrão para esses casos.

Glioma: uma nova estratégia que posterga a químio

O cérebro não é feito apenas de neurônios: o órgão responsável pela memória e pelo raciocínio conta com as células da glia, que são primordiais para o funcionamento e a proteção do sistema nervoso central.

O problema é que essas unidades também podem sofrer mutações e se transformar num câncer. Nesse caso, a doença é conhecida como glioma. E há um tipo dele que tem características bem particulares. O glioma de baixo grau costuma ser lento e menos agressivo – geralmente, o paciente vive anos ou décadas após o diagnóstico.

“Mesmo assim, ele tem um impacto grande pelo fato de acometer pessoas mais jovens, pois geralmente aparece por volta dos 20 e poucos anos”, estima a médica Clarissa Baldotto, do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

Essa área da Medicina não tinha novidades há anos – e o fato de o tumor se desenvolver no cérebro, uma região tão sensível, dificultava o desenvolvimento de terapias seguras e efetivas.

Mas isso mudou na Asco 2023 com a apresentação de um estudo que avaliou o vorasidenibe, do laboratório Servier, que também é uma terapia-alvo.

Os pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos EUA, mostraram que esse fármaco reduz em 61% o risco de progressão da doença ou de morte.

Além disso, o novo tratamento ainda traz um segundo benefício. Ele posterga a necessidade de recorrer a outros recursos mais tóxicos (como a químio e a radioterapia) para controlar a proliferação das células cancerosas no cérebro.

Câncer retal: há mais de um caminho para a cura

Dentro do universo do câncer colorretal (que afeta o trecho final do sistema digestivo), os tumores que se originam no reto representam cerca de um terço de todos os casos.

“E, nos últimos anos, tivemos grandes avanços no tratamento dessa doença”, destaca o oncologista Virgílio Souza e Silva, do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

A última grande novidade dessa área foi divulgada durante a Asco 2023. Cientistas do Memorial Sloan Kettering Cancer Center demonstraram que duas estratégias terapêuticas distintas são capazes de alcançar um resultado parecido: uma alta taxa de sobrevida e até cura após cinco anos de início do tratamento.

No estudo, uma parte dos voluntários com esse tumor localmente avançado, mas sem metástase (quando as células doentes se espalharam para outras partes do corpo), passou por sessões de químio e radioterapia. Outra parcela que reunia as mesmas características foi submetida apenas à químio.

Os resultados deles foram então comparados e mostraram um efeito positivo bem parecido: cerca de 80% dos participantes de ambos os grupos estavam vivos e livres da doença num período de cinco anos.

Linfoma de Hodgkin: um tratamento padronizado para todas as idades

Esse tipo de câncer afeta algumas células do sistema de defesa e acomete principalmente pessoas jovens, na segunda ou terceira década de vida. Nos estágios mais avançados da doença, o tratamento-padrão envolvia sessões de quimioterapia e um remédio chamado brentuximabe vedotina, da farmacêutica Takeda.

Especialistas do City of Hope Medical Center, também nos EUA, resolveram propor uma substituição nesse esquema. Eles testaram se a brentuximabe vedotina pode ser trocada pelo nivolumabe (da Bristol Myers Squibb), um tipo de imunoterapia, classe farmacológica que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e atacar as células cancerosas.

Os dados preliminares deste trabalho revelam que 94% dos pacientes que receberam o novo esquema terapêutico (nivolumabe + químio) seguiam vivos dentro de 12 meses. Já entre aqueles que seguiram com a combinação anterior (brentuximabe vedotina + químio), essa taxa ficou em 86%. Outra vantagem do nivolumabe foi a maior tolerância dos pacientes aos efeitos colaterais.

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