Domingo, 22 de dezembro de 2024

Queijo Minas é declarado Patrimônio da Humanidade

Os “Modos de Fazer Queijo Minas Artesanal” foram decretados Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade nessa quarta-feira (4). É a primeira vez que o comitê da organização internacional concede o reconhecimento a um item gastronômico brasileiro.

A cerimônia aconteceu na manhã desta quarta em Assunção, no Paraguai. Nas últimas semanas, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, comentou a importância dessa votação, o que demonstra a “potência dessa expressão tão importante e simbólica”.

“Os sabores brasileiros são uma de nossas muitas riquezas. Fazer queijo, culturalmente, traz consigo as características de um território e de seu povo”, afirmou a ministra.

A produção artesanal do queijo minas se tornou patrimônio de Minas Gerais em 2002. Cinco anos depois, em 2008, ganhou também o reconhecimento nacional pelo Iphan. Um requerimento feito pela Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo) e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais levou ao Iphan a protocolar a candidatura na Unesco, em março de 2023.

Presidente do Iphan, Leandro Grass definiu o título desta quarta como um “momento histórico para a cultura brasileira”. Para ele, a candidatura representou a “ousadia e coragem dos pequenos produtores de queijo de Minas”.

“Para além de um produto, da técnica, estamos valorizando as pessoas, os pequenos produtores de queijo. A política cultura l é um elemento para a sua preservação e valorização, mas precisamos de outras políticas”, celebrou Grass. “A candidatura também reforça compromisso com o desenvolvimento sustentável, com a preservação socioambiental, porque esses produtores dependem da água limpa, da qualidade dos animais, do meio ambiente equilibrado.”

A partir do reconhecimento, Grass afirmou que serão dados próximos passos em prol dessa valorização.

“A proposta de reconhecimento tem como objetivo dar visibilidade internacional a esse Patrimônio Cultural nacional, que é uma tradição há mais de três séculos não apenas em Minas Gerais, mas em todo o Brasil”, explicou Grass.

Presidente da Federação de Agronegócio de MG, Antônio de Salvo reafirmou a importância desse reconhecimento permanecer para as próximas gerações.

“O queijo é uma das coisas importantes de Minas, era o jeito de conservar leite no passado. Esse modo artesanal precisa ser resguardado.”

Requisitos 

Para poder disputar um lugar na lista, uma série de requisitos precisavam ser cumpridos, como o reconhecimento nacional enquanto Patrimônio Cultural, um plano de salvaguarda e a anuência da comunidade à qual o bem está ligado. Segundo o Iphan, o Brasil tem seis bens culturais na lista da Unesco. O queijo minas seria o primeiro alimento entre eles. Conheça os demais:

* Samba de Roda no Recôncavo Baiano;
* Arte Kusiwa, pintura corporal e arte gráfica Wajãpi;
* Frevo, expressão do carnaval de Recife;
* Círio de Nossa Senhora de Nazaré;
* Roda de Capoeira;
* Complexo Cultural do Bumba meu boi do Maranhão

Outros modos de preparo de alimentos já obtiveram o reconhecimento internacional pela Unesco, como a “Arte do ‘Pizzaiolo’ napolitano” e o “Café Árabe”.

Segundo o Iphan, a produção do queijo minas abrange 106 municípios do estado. “Em cada região, o queijo remete ao sentimento de pertencimento dos indivíduos a suas comunidades de origem e ao orgulho dos produtores pela qualidade do resultado de seu trabalho cotidiano, que envolve desde o manejo do pasto e o cuidado com o bem-estar dos animais até o preparo e a venda do queijo aos consumidores”, destaca o instituto.

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