Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Radicais pediram para Bolsonaro afrontar Supremo, mas sugeriram plano de fuga

A denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), assinada pelo procurador Paulo Gonet, mostra que grupo de aliados do então presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu que ele afrontasse as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao mesmo tempo, no entanto, um plano de fuga para Bolsonaro foi criado em caso de não apoio de militares ao então presidente. O fato, segundo documento enviado ao Supremo nesta terça-feira, 18, ocorreu em março de 2021, “poucos dias depois de Lula da Silva haver superado a causa de inelegibilidade”.

À época, o agora presidente Lula havia conseguido junto ao STF derrubar suas condenações no âmbito da operação Lava Jato. A situação deixou o petista apto a disputar as eleições gerais de 2022, quando derrotou Bolsonaro no segundo turno.

“Para melhor compreensão dos fatos narrados, convém recordar que, a partir de 2021, o presidente da República adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional nos seus repetidos pronunciamentos públicos em que se mostrava descontente com decisões de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrônico em vigor. Essa escalada ganhou impulso mais notável quando Luiz Inácio Lula da Silva, visto como o mais forte contendor na disputa eleitoral de 2022, tornou-se elegível, em virtude da anulação de condenações criminais”, citou Gonet na denúncia enviada ao STF.

Gonet denunciou o ex-presidente Bolsonaro e outras 33 pessoas no inquérito do golpe. Bolsonaro é apontado como líder de uma organização criminosa “baseada em projeto autoritário de poder” e “com forte influência de setores militares”.

“A organização tinha por líderes o próprio Presidente da República e o seu candidato a Vice-Presidente, o General Braga Neto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e independência dos poderes e do Estado de Direito democrático”, diz outro trecho da denúncia.

Defesa de Bolsonaro

Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro rebateu a denúncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Os advogados do ex-presidente também alegam que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

O posicionamento de Bolsonaro também afirma que, “a despeito dos quase dois anos de investigações, (…) nenhum elemento que conectasse minimamente o (ex-) presidente à narrativa construída na denúncia foi encontrado”. (Estadão Conteúdo)

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