Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 1 de fevereiro de 2024
Sempre ouvimos que uma das estratégias para perder peso é alcançar um déficit energético: ou seja, devemos gastar mais calorias do que consumimos ao longo do dia. Levando esse raciocínio ao pé da letra, um refrigerante sem açúcar (e, portanto, zero calorias) parece mais vantajoso do que um suco natural de frutas, certo? Afinal, um copo de 240 mililitros de suco de laranja fornece, em média, 90 calorias. Mas a verdade é que o raciocínio não é tão simples assim.
Para a nutricionista Lara Natacci, doutora e mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a perda de peso vai além da contagem de calorias: depende, entre outras coisas, de oferecer uma boa quantidade de nutrientes ao organismo, de modo que ele consiga exercer suas funções de forma plena. Nesse quesito, o suco sai ganhando.
Cabe destacar, porém, que isso se refere a bebida composta somente por fruta, sem adição de água, açúcar ou outros ingredientes. No mercado, há muitas bebidas de caixinha que parecem suco, mas não se enquadram nessa categoria: são os néctares. Esses itens têm somente de 30 a 50% de fruta – e um monte de açúcar. Há ainda os chamados refrescos, com até 10% de fruta. Nada disso pode ser definido como suco.
“O suco integral, 100% fruta, tem vitaminas e minerais, além de compostos bioativos, que são substâncias que podem agir como antioxidantes e atuar contra envelhecimento precoce, danos nas células e algumas doenças”, descreve a especialista. Se a bebida for pouco coada, ainda preservará uma dose de fibras, que agem em favor do intestino e da saúde em geral.
Lara reconhece que o suco concentra o açúcar natural presente nas frutas – ao contrário do refrigerante zero. “Mas o refrigerante não tem nenhum nutriente capaz de trazer qualquer tipo de benefício ao nosso organismo”, alega. Ou seja, do ponto de vista nutritivo, ela reforça: o suco é indiscutivelmente superior.
A nutricionista observa que o único benefício que dá para ser atrelado à bebida gasosa tem a ver com o prazer na hora do consumo. “E se a pessoa gosta de refrigerante, isso merece ser levado em consideração”, pondera.
O prazer
Segundo o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), se uma pessoa gosta de refrigerante normal e costuma tomá-lo no dia a dia, a substituição pela versão sem açúcar e zero calorias é, sim, uma boa ideia – representando uma estratégia de redução na ingestão calórica de curto prazo
Cabe destacar, porém, que alguns trabalhos chegaram a contestar a tática. É que eles associaram a presença do adoçante nessas bebidas zero a uma interferência nos sinais de recompensa do cérebro. É como se, por causa do gosto doce, ele esperasse receber açúcar. Isso resultaria em uma maior tendência de consumo calórico em momentos posteriores. Mas, segundo o presidente da Abeso, essas evidências são de experiências em animais e, por isso, não permitem esse tipo de conclusão. “Mas de fato existem substâncias pouco conhecidas e estudadas dentro do refrigerante e que talvez não sejam boas em longo prazo”, diz.