Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 26 de novembro de 2024
A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) sobre uma suposta trama golpista contra a democracia no Brasil revelou detalhes alarmantes sobre as ações realizadas por setores do Estado nos meses de novembro e dezembro de 2022. Durante esse período, houve o monitoramento do movimento do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Agentes ligados a grupos de forças especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”, foram responsáveis por observar atentamente o presidente eleito, especialmente nas imediações do hotel Meliá, em Brasília, onde Lula esteve hospedado durante o processo de transição de governo.
O relatório da PF indica que a vigilância era focada em entender os deslocamentos e ações de Lula, com o objetivo de coletar informações que pudessem ser utilizadas em ações que visavam desestabilizar a democracia.
O inquérito também revelou que os agentes do Estado envolvidos no monitoramento de Lula incluíam o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o capitão Lucas Guerellus, cujas presenças foram registradas nas proximidades do hotel onde Lula estava hospedado. Esses agentes faziam parte de um esquema de vigilância e coletavam dados que poderiam ser usados para comprometer o processo de transição democrática.
Além disso, a investigação aponta que o policial federal Wladimir Matos Soares, que foi indiciado e preso durante a operação, aderiu aos ideais golpistas. Matos Soares teria se infiltrado nas operações de segurança que protegiam o presidente eleito, repassando informações sensíveis sobre a estrutura de segurança de Lula.
Segundo a PF, ele passou esses dados para o segurança pessoal do então presidente Jair Bolsonaro, que, naquele momento, estava empenhado em apoiar e viabilizar o golpe de Estado, buscando o apoio das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições.
Uma parte crucial da investigação diz respeito ao planejamento de assassinatos no contexto da operação golpista Punhal Verde Amarelo. De acordo com o relatório, o plano incluía a possibilidade de assassinato dos integrantes da chapa presidencial eleita.
O próprio Lula recebeu o codinome “Jeca”, enquanto o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, foi chamado de “Joca”. Esse plano, que foi considerado uma ameaça grave à integridade dos líderes eleitos, envolvia a utilização de veneno ou substâncias químicas para causar um “colapso orgânico” nos alvos da operação, com a intenção de eliminar fisicamente os membros da chapa.
Uma informação ainda mais chocante no inquérito foi que Wladimir Matos Soares, enquanto infiltrado na segurança de Lula, chegou a repassar detalhes de sua posição e ações para um segurança pessoal de Bolsonaro, fortalecendo a conexão entre os golpistas e as autoridades federais ligadas ao ex-presidente.
O relatório destaca que, em 20 de dezembro de 2022, após receber mensagens deletadas por um assessor de Bolsonaro, Sérgio Cordeiro, Matos Soares escreveu: “Estou pronto!”, demonstrando a iminência de uma ação mais agressiva.
O relatório da PF também sublinha que o plano Punhal Verde Amarelo incluía, além de assassinatos, outras ações violentas para derrubar o governo eleito. O uso de veneno e substâncias químicas foi uma das possibilidades discutidas pelos envolvidos, com o objetivo de incapacitar ou até eliminar os alvos da operação.