Quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Republicanos tentam abafar piada racista de comício de Trump e ganham um novo inimigo: o rapper Bad Bunny

Integrantes do Partido Republicano, aliados e o comando da campanha de Donald Trump correm, nesta semana, para tentar reduzir o prejuízo causado por declarações racistas e insultos a latinos, especialmente aos porto-riquenhos, durante o comício do ex-presidente dos Estados Unidos, domingo (27), no Madison Square Garden em Nova York.

O evento foi marcado pela retórica mais sombria e agressiva de Trump até o momento na campanha. Logo na abertura, o comediante Tony Hinchcliffe se referiu a Porto Rico como “lixo” e zombou da população de origem hispânica – que, segundo, ele não usa métodos anticoncepcionais. “Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento. Acho que se chama Porto Rico”, disse o convidado diante de milhares de pessoas.

A repercussão foi imediata. Várias celebridades porto-riquenhas ou de origem hispânica, como a atriz Jennifer Lopez, o cantor Ricky Martin e o rapper Bad Bunny citaram os comentários para declarar apoio à candidata democrata Kamala Harris. Coincidentemente, ela havia apresentado propostas para Porto Rico.

A maior dor-de-cabeça para Trump veio do astro do reggaeton Bad Bunny – cujo verdadeiro nome é Benito Antonio Martínez Ocasio, vencedor de três Grammys. Porto-riquenho, ele tem mais de 45 milhões de seguidores no Instagram e vinha sendo cortejado pela campanha democrata há vários meses. Logo após o comício de Trump em Nova York, ele compartilhou um vídeo de Kamala e anunciou seu apoio formal.

Os democratas aproveitaram a indignação dos porto-riquenhos. O presidente Joe Biden, que votou segunda-feira (28) em Delaware, disse que os insultos racistas foram “constrangedores”. Ele acrescentou: “Isso não é digno de nenhum presidente”. Sua vice – e candidata a sucessora – Kamala chamou os comentários de “absurdos”. Segundo ela, “nada do que Trump ou Hinchcliffe dizem satisfaz as aspirações e os sonhos do povo americano.”

Contenção de danos

A preocupação da campanha de Trump não é com os mais de 3 milhões de habitantes da ilha, um território autônomo americano, que não têm direito a voto. Mas com os 6 milhões de americanos de origem porto-riquenha que vivem nos Estados Unidos. Estima-se que ao menos 300 mil votem na Pensilvânia, Estado que será crucial na eleição da semana que vem.

Rapidamente, assessores de campanha e membros do Partido Republicano correram para apagar o incêndio provocado pelos comentários, principalmente em Estados com alta densidade de eleitores hispânicos, como Flórida e Pensilvânia. “A piada feita no comício não reflete a visão de Trump”, afirmou Danielle Alvarez, uma das porta-vozes da campanha.

“Estou enojada com o comentário racista de Tony Hinchcliffe, chamando Porto Rico de ‘ilha flutuante de lixo’. Essa retórica não reflete os valores do Partido Republicano”, afirmou a deputada republicana María Elvira Salazar, filha de cubanos, que viveu em Porto Rico e enfrenta uma reeleição difícil no 27.° Distrito da Flórida. Hinchcliffe, o comediante que desatou a crise, não voltou atrás, nem lamentou a piada. “Esse povo não tem nenhum senso de humor”, alegou.

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