Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de janeiro de 2025
Após enfrentar uma crise em 2024 provocada pelo aumento de casos e mortes pela dengue, o Ministério da Saúde tenta evitar que o cenário se repita em 2025. Embora a previsão epidemiológica indique menos infecções, a disseminação do tipo 3 da doença, que não circulava há dez anos, já deixa a pasta em alerta. Isso porque há menos proteção imunológica da população a essa variante.
O elemento surpresa para este ano também colocou especialistas de prontidão. Ao todo, existem quatro tipos de dengue, sendo o 1 o mais comum na população, responsável por 73,4% das infecções. O tipo 3, contudo, pode se espalhar e ter alta concentração dos casos no Sul e Sudeste, principalmente no estado de São Paulo, um dos maiores em densidade demográfica do país.
“Você olha o cenário passado e projeta o futuro. Se nada acontecer diferente, teremos menos casos, a projeção é essa, e eles vão estar mais concentrados nos estados da região Sudeste e Sul”, explicou a secretária em vigilância em saúde e ambiente Ethel Leonor, que faz a ressalva: “O sorotipo 3 é a variável nova, e está aumentando São Paulo. Isso pode aumentar a projeção”.
Associado ao ressurgimento do sorotipo 3, uma segunda preocupação é o alto volume de casos registrados em 2024, já que segundas infecções podem ser mais graves. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde reforçou ações de prevenção e vigilância, como a antecipação em cerca de um mês da instalação do Centro de Operações Emergenciais em Dengue, além do reforço na compra de vacinas, testes e inseticidas.
Para 2025, mais de R$ 1,5 bilhão foi investido pela pasta. Claudio Maeirovitch, médico sanitarista Fiocruz de Brasília, explica que o número de casos registrados nos últimos meses de cada ano pode servir como um “trampolim” para o cenário epidemiológico do próximo ano, em especial na “estação” da dengue, concentrada na primavera e no verão. O ano de 2024 registrou números maiores em todos os meses em comparação a 2023. Em agosto, por exemplo, foram mais de 45 mil casos no ano passado, contra cerca de 28 mil de 2023.
“Esse período a gente costumava chegar a quase zero casos, isso não acontece mais. Nos últimos anos estamos mantendo circulação perceptível ao longo do segundo semestre. Há uma forte indicação de que quanto maior o patamar no segundo semestre, maior será a epidemia no ano seguinte”, diz o especialista.
O secretário adjunto de vigilância em saúde e ambiente, Rivaldo da Cunha, afirma que o Sorotipo 3 não causa infecções mais graves e que a preocupação se concentra na possibilidade de infecção de um volume maior de pessoas.
“O vírus, quando fica muito tempo sem circular, infecta quem nunca teve contato com ele, e por isso não tem imunidade, não tem anticorpo. A pessoa pode ter tido dengue tipo 1, tipo 2, mas se o tipo 3 chegar nela, ela vai ter de novo, e pode ser mais grave. Vai contaminar um monte de gente. Pode ter região do Brasil que não teve epidemia ano passado e pode ter esse ano.”
Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde é com a troca das gestões municipais, responsáveis pela execução da maior parte das ações de prevenção e do atendimento à população. Uma das primeiras ações da pasta neste ano foi o envio de uma nota informativa para os municípios no dia 2 de janeiro alertando sobre a possibilidade de aumento no número de casos e reforçando a necessidade da continuidade das ações de prevenção.
Chikungunya
O Ministério da Saúde também registrou um aumento no número de casos de chikungunya nas últimas quatro semanas de 2024, o que pode ser um complicador no combate à dengue. De acordo com os dados da pasta, 3.563 casos prováveis foram registrados no período.
A preocupação dos especialistas também é com o tratamento da forma grave das doenças, já que é preciso um cuidado clínico diferenciado, Por isso, profissionais reforçam a necessidade da agilidade na realização de testes para que a doença seja logo diagnosticada. Para 2025, o Ministério da Saúde enviou 6,5 milhões de testes rápidos para os municípios.
A pasta também adquiriu mais de 215 mil quilos de larvicida e ampliou o uso de tecnologia para o controle da doença. Com esse uso, os mosquitos são infectados pela bactéria “Wolbachia”, que impede o vírus das arboviroses. Além disso, mais 9,5 milhões de doses de vacina foram compradas. A pasta, no entanto, destaca que ainda há 3 milhões de doses paradas nos estados e municípios.
(As informações são do jornal O Globo)