Terça-feira, 19 de novembro de 2024

Revolução do mercado financeiro está distante para milhões de brasileiros

Os pagamentos via Pix revolucionaram o mercado financeiro brasileiro. Há quatro anos, a modalidade era criada, tornando transferências entre contas mais ágeis e simples. Esse novo universo de possibilidades, no entanto, segue inalcançável para milhões de brasileiros, seja pela falta de letramento digital, seja pela dificuldade de acesso à internet e a dispositivos eletrônicos.

Fatores como a idade dos usuários e a vulnerabilidade social são os desafios que se impõem para que a ferramenta se torne, efetivamente, democrática, assim como outras plataformas digitais que emergem no mundo globalizado.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados em agosto, mais de 22,4 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade não utilizaram a internet em 2023, o que corresponde a 12% da população nessa faixa etária do País.

O número de usuários do Pix, por sua vez, cresce exponencialmente a cada mês. Em janeiro, eram 159,6 milhões inscritos. No mês passado, subiu para quase 170 milhões (incluindo pessoas físicas e jurídicas). Já as chaves cadastradas ultrapassam os 805 milhões. Os dados são do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), disponíveis no site do Banco Central.

Mesmo estando tão popularizada, a ferramenta ainda passa à margem para uma parcela da população. A resposta do vendedor Rufino Ivaldo, 70 anos, para a recorrente pergunta “tem Pix?” é um não. Ele vende balas e salgadinhos no mesmo local, em Ceilândia, há 14 anos.

Apesar de admitir que a escolha teve reflexo nas vendas, é categórico ao afirmar que não pretende mudar de ideia. “Vêm muitos clientes, mas eu dispenso. Não sei mexer no Pix”, relata, demonstrando também desconfiança no modelo. “Como vou saber se entrou ou não? Meu menino quer que eu faça, mas eu disse que não. Estou nessa idade, para que mais? Agora é só esperar Deus me levar embora.”

Durante a entrevista, Nathanael Souza, 28 anos, tentou fazer uma compra com Rufino, mas desistiu ao saber que o comerciante não aceitava Pix. “Nunca tive nenhum problema. Conheço pessoas que já tiveram, que depositaram em outras contas, mas recuperaram”, diz. O jovem trabalha em um lava a jato e, desde a criação da modalidade, decidiu incorporá-la às opções de pagamento do estabelecimento.

Neste sábado (16), o Pix completou quatro anos de existência, período em que se tornou ferramenta indispensável para muitos brasileiros. Virou parte da rotina de empresas, de famílias e até de grupos de amigos quando compartilham um presente para uma pessoa querida ou uma refeição. Para outros tantos, porém, marca o atraso e a invisibilidade diante do universo digital.

Veja abaixo alguns destaques da Pnad:

– A proporção de pessoas com 10 anos ou mais de idade que utilizaram a internet no país passou de 87,2% em 2022 para 88% em 2023. Em 2016, eram 66,1%;

– O percentual de idosos (60 anos ou mais) que utilizam a internet subiu de 24,7% em 2016 para 66,0% em 2023;

– Entre as grandes regiões, Centro-Oeste manteve o maior percentual de usuários da internet (91,4%); Nordeste (84,2%) e Norte (85,3%), os menores;

– Em 2023, 97,6% dos estudantes da rede privada e 89,1% dos alunos da rede pública utilizaram internet;

– O equipamento mais utilizado para acessar a internet em 2023 foi o telefone celular (98,8%). Em seguida, vinha a tevê (49,8%), pela qual o acesso vem aumentando continuamente desde 2016 (11,3%);

– O acesso à internet via microcomputador recuou de 63,2% em 2016 para 34,2% em 2023. O uso por meio de tablet caiu de 16,4% para 7,6%;

– Em 2023, 94,6% dos usuários acessaram a internet para conversar por chamadas de voz ou vídeo. Outras finalidades que se destacaram foram: enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail (91,1%); assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (87,6%) e usar redes sociais (83,5%);

– A maioria das pessoas que não usaram internet em 2023 tinham no máximo o fundamental incompleto (75,5%) ou eram idosos (51,6%). Não saber usar é o motivo mais apontado (46,3%);

– Em 2023, 87,6% das pessoas de 10 anos ou mais de idade tinham telefone móvel celular para uso pessoal, crescimento de 1,1 ponto percentual em relação a 2022 (86,5%). As informações são do jornal Correio Braziliense.

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