Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 25 de outubro de 2024
Capítulo IV
O fator, verdadeiramente, importante de todo processo ventilatório pulmonar, é a Velocidade com que o ar alveolar é renovado a cada minuto, pelo ar atmosférico.
Isto é o que se chama VENTILAÇÃO ALVEOLAR. Esta, contudo, não é igual ao volume respiratório, porque grande parte do ar inspirado vai encher as VIAS respiratórias e estas (as vias) não fazem a troca de gases com o sangue, em termos que possam ser considerados. Desde a saída dos pulmões até a ponta do nariz, é o ‘caminho’ que o ar percorre, e quando a gente expira, esse caminho fica cheio de ar e, consequentemente, quando se inspira novamente, o primeiro ar que chega aos pulmões é esse ar que está no ‘caminho’. Esse caminho é uma via por onde ‘trafega’ o ar, num vai e vem que dura e não para durante toda nossa vida.
Estes espaços (as vias) são chamados de “Espaço Morto” ou Área de Anatomia Morta. Logo, se há um espaço morto, não é todo ar que atinge os alvéolos. Uma quantidade fica no caminho. Essa quantidade de ar é igual ao Volume Corrente menos o Volume de Espaço Morto.
Volume de Espaço Morto é igual a 150ml.
O Espaço Morto Anatômico vezes o Espaço Morto Fisiológico é o índice de Ventilação Alveolar por Minuto. Ou seja: Frequência Respiratória vezes o Volume Corrente menos o Espaço Morto Fisiológico é igual ao Índice de Ventilação Alveolar. Então: 12 x (500 – 150) = 4.200 ml/m ou 4,2 l/m.
Assim, a ventilação alveolar é um dos fatores principais que determinam a concentração de oxigênio e CO2 nos alvéolos. A Frequência Respiratória, o Volume Corrente e o Volume Respiratório por minuto, são importantes apenas na medida em que afetam a Ventilação Alveolar.
Então, na tomada de decisão da especificação de qual Respirador ou Máscara, irão usar, além de definir com precisão que filtro mecânico ou cartucho químico ou uma combinação de ambos, TEM QUE ser levado em conta o quanto o respirador ou a máscara ficarão distantes da face, aumentando assim a área de espaço morto (além do natural), pois o ar que fica entre a face e a peça facial é um ar que não é exalado e nem chega aos alvéolos. Aqui entra a enorme importância, muitas vezes a quem não se dá tanta atenção, do TREINAMENTO que deve se dar a quem precisa usar máscara ou respirador. Sem o treinamento você terá SEMPRE um usuário contrariado, desatento, queda de produção e até revolta. No Capítulo especial vou insistir, exaustivamente, nesse assunto. É fundamental. Os Operadores, os Pilotos e os Militares sabem o quanto o treinamento é importante.
A escolha deverá recair no EPI que mais se ajuste e que menor espaço fique entre a peça facial e a pele da face. E isso no dia a dia, só se obtém testando fisicamente e observando, pois dificilmente o fabricante do EPI terá essa informação e a medição precisa, requer um equipamento de laboratório muito específico.
Ser maior ou menor, ter mais ou ter menos espaço morto, não interfere na qualidade de vedação do EPI e nem na sua eficiência ou a eficiência dos filtros e cartuchos. (Aliás, falando em vedação, pessoalmente, prefiro o teste de espargir spray próximo a máscara – se sentir o cheiro, então está mal vedado). Só diminui ligeiramente a quantidade de oxigênio e ligeiramente aumenta a quantidade de dióxido de carbono que, no conjunto dos efeitos, aumenta um pouco a frequência respiratória, reduz a agilidade e gera fadiga mais rapidamente. Fatores que ficam reduzidos com o treinamento.
Neste momento nos damos conta quão importante é para o índice de produtividade na empresa, a escolha do melhor EPI , do treinamento e da Supervisão Médica.
Na sexta que vem, na 7ª edição, vamos ver o Capítulo V sobre a Organização de um Programa de PR (PPR) e iniciar o Capítulo VI conhecendo os Perigos Respiratórios.
(Luiz Carlos Sanfelice – lcsanfelice@gmail.com)