Sexta-feira, 03 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de dezembro de 2024
O ano de 2024 foi marcado pela valorização recorde do dólar ante o real. A moeda americana chegou a seu maior valor nominal da história por diversas vezes em dezembro e no fechamento do ano valorizou 27% perante a moeda nacional, fazendo com a que divisa doméstica encerrasse 2024 como a pior moeda do ano entre as 20 principais divisas do mundo.
Além disso, foi maior aumento da divisa desde 2020, quando houve o choque da pandemia de covid. Em 1º de janeiro, o dólar valia R$ 4,917 e, no apagar das luzes de 2024, fechou a R$ 6,179.
Ao longo do ano, inúmeros momentos e fatores motivaram o avanço da divisa. Se lá fora a trajetória de juros preocupou pela desaceleração nos cortes, por aqui, a espera pelo pacote fiscal mexeu com a divisa em diversas sessões.
Expectativa
A expectativa é de seguida pressão no câmbio para 2025, conforme aponta o último relatório Focus do ano, com previsões dos economistas para os principais indicadores da economia. A divisa americana, antes prevista na casa dos R$ 5,90, agora é estimada em R$ 5,96 no fim de 2025.
Os efeitos da depreciação do real, no entanto, ainda devem se manter no curto prazo e os prêmios de risco seguirão elevados, segundo Rodolfo Margato, economista da XP. Em sua visão, há possibilidade de estabilização nominal no próximo ano e em 2026, ainda que haja ampliação de riscos. “Continuamos a ver espaço para alguma apreciação do real no ano que vem, como reflexo, principalmente, da reação mais tempestiva do Banco Central”, considera.
A casa projeta a taxa de câmbio com dólar a R$ 5,85 no fim de 2025. Ainda assim, a equipe econômica da XP faz ressalvas sobre a possibilidade de ambiente macroeconômico doméstico ainda trazer alta volatilidade à taxa de câmbio.
O Itaú considera possível que a taxa de câmbio recue para R$ 5,70 por dólar em 2025 e 2026.
“A apreciação da moeda é limitada por um dólar forte globalmente; um prêmio de risco doméstico mais alto que reflete incertezas fiscais e a deterioração das contas externas –déficit em conta corrente de -3,3% do PIB. na margem”, considera o banco.
Para Roberto Padovani, do Banco BV, o câmbio se apresenta inserido num contexto mais amplo de perda de referências. Para a instituição, a trajetória do câmbio ainda é para cima e a projeção é de R$ 6,30 para estre ano e R$ 6,50 para 2026. Parte do motivo
“No entanto, acreditamos que essas influências favoráveis à moeda brasileira sejam apenas temporárias. Embora os fatores internos tenham dominado a dinâmica cambial nos últimos meses, os desdobramentos no cenário externo também devem desempenhar um papel crucial ao longo de 2025”, afirma o economista.
Ainda assim, grande parte do mercado já considera que a moeda ficará em R$ 6,25 em 2025. De acordo com Luiz Felipe Bazzo, a visão reflete crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a condução da política econômica brasileira nos próximos trimestres Ele argumenta que, embora o fortalecimento global do dólar tenha influenciado a alta recente, fatores internos são os principais responsáveis pela desvalorização do real.
A desvalorização do real pode ser acelerada, ainda, por medidas que prejudiquem a credibilidade fiscal, aumentem gastos parafiscais ou envolvam intervenções no mercado cambial. Nessas hipóteses, o dólar pode ultrapassar os R$ 7.
“O ano que vem será decisivo para alinhar as expectativas do mercado e evitar que a crise cambial se agrave”, argumenta.