Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Saída recorde de dólares do Brasil em dezembro provoca intervenção histórica do Banco Central que injetou US$ 21,57 bilhões no último mês de 2024

O Banco Central (BC) injetou US$ 21,57 bilhões em dezembro, a maior intervenção realizada no mercado de dólar à vista desde 1999, quando o câmbio flutuante foi adotado no País. A ação do BC teve o objetivo de contrabalançar a fuga recorde de dólares do Brasil, que alcançou US$ 26,41 bilhões em dezembro, a maior desde o início da série histórica, em 1982, ou seja em 43 anos.

Até então, a maior retirada havia sido foi registrada em 2019, quando US$ 65,8 bilhões deixaram o Brasil por esta via. Em 2024, a saída de dólares pela conta financeira totalizou US$ 87,2 bilhões e bateu recorde, segundo números divulgados pelo Banco Central na quarta-feira (8).

A conta financeira inclui: compra e venda de dólares relativas a serviços, como de turismo, alugueis, transportes, além de rendas (remessas de filiais ao exterior), investimentos e aplicações financeiras no exterior (bolsas de valores, moedas ou mercado futuro, por exemplo). Entretanto, essa é somente uma das contas que forma todo o fluxo cambial brasileiro.

Além da financeira, o fluxo total de dólares que entra e sai do país também engloba outra conta: a conta comercial — que registra as compras e vendas de dólares relacionadas com as exportações e com as importações. Por meio da conta comercial, em 2024, ingressaram US$ 69,2 bilhões no Brasil por conta das exportações.

Considerando toda movimentação de dólares em 2024, incluindo as contas comercial e financeira, houve a retirada de US$ 18 bilhões do País. Essa é a maior saída de recursos anual desde 2020, quando US$ 27,9 bilhões deixaram a economia brasileira.

Com a forte saída de recursos, principalmente em dezembro do ano passado, o dólar operou pressionado, atingindo cotações máximas, chegando a operar acima de R$ 6,20. A escalada da moeda norte-americana em 2024 é resultado de uma série de fatores externos e internos, como conflitos internacionais, nível de juros nos Estados Unidos, eleição de Donald Trump e expectativas em torno das contas públicas brasileiras.

Especialmente no fim do último ano, os holofotes ficaram com o quadro fiscal do Brasil, em meio a receios do mercado financeiro sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo no fim de novembro.

Por conta disso, o BC vender cerca de US$ 19 bilhões, em dezembro, no mercado à vista, o que contribuiu para baixar as reservas internacionais brasileiras no ano passado. Além da retirada de recursos, analistas avaliam que dúvidas sobre a capacidade de pacote de corte de gastos conter a alta da dívida pública também pesaram, influenciando a moeda norte-americana. As informações são do portal de notícias g1.

 

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