Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Satélite brasileiro de 30 anos se torna o mais antigo do mundo em operação

O primeiro satélite feito no Brasil completou 30 anos no espaço e bateu um recorde mundial. Foi o primeiro satélite projetado, fabricado e operado pelos cientistas brasileiros. O SCD-1, Satélite de Coleta de Dados, foi desenvolvido no Inpe, em São José dos Campos, e lançado ao espaço em 1993.

O satélite está em órbita a 750 km de altitude, em uma velocidade de 28 mil km/h. Leva uma hora e 40 minutos para dar uma volta completa na Terra – e já foram 160 mil. Era para funcionar apenas por um ano, mas já se passaram 30 anos e 5 meses e ele continua em serviço.

Essa longevidade fez o SCD-1 superar outros satélites, inclusive da Nasa, e bater um recorde mundial: é o equipamento para observação da Terra que está há mais tempo em operação. Mas esse “veículo seminovo” está perdendo potência e precisa, muitas vezes, de um empurrãozinho para pegar no tranco.

Informações como umidade do ar, vento, pressão atmosférica, que são usados para a previsão do tempo e monitoramento ambiental. No centro de controle de satélites, no Inpe, um computador recebe os dados da saúde do SCD-1, uma espécie de prontuário médico desse “vovô dos satélites”. E, mesmo perdendo as forças e sendo substituído por outros equipamentos, o SCD-1 é motivo de orgulho para quem o acompanha desde o lançamento.

História

Em 1979, quando aprovada pelo governo federal a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), foi determinado o desenvolvimento de quatro satélites artificiais, do veículo lançador e de toda a infraestrutura de solo, inclusive uma base de lançamentos. Coube ao Inpe a responsabilidade pelo desenvolvimento dos satélites, sendo dois de coleta de dados e dois de sensoriamento remoto, bem como da infraestrutura de solo para sua operação em órbita.

O primeiro satélite, o SCD-1, é um satélite de coleta de dados com 115 kg. Foi totalmente projetado, desenvolvido e integrado pelo Inpe, com importante participação da indústria nacional. Para seu desenvolvimento, o Inpe investiu em laboratórios modernos e no desenvolvimento de seus recursos humanos.

O Laboratório de Integração e Testes (LIT) foi especialmente projetado e construído para atender às necessidades da MECB. Dotado das mais avançadas tecnologias para testes e integração de sistemas espaciais, o LIT/Inpe é considerado um dos mais avançados complexos de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia espacial do hemisfério sul. Neste laboratório foi integrado e testado o SCD-1.

Já a operação de lançamento foi comandada a partir do Centro de Controle de Wallops, no estado de Virgínia, costa leste dos Estados Unidos. No dia 9 de fevereiro de 1993, uma hora e 15 minutos depois da decolagem, a 83 km da costa da Flórida e a 13 km de altitude, o foguete Pegasus foi liberado da asa de um avião B52 da Nasa. Como havia sido previsto, o foguete cai em queda livre por cinco segundos antes de acionar seus motores em direção ao espaço. Poucos minutos depois, às 11h41 (hora de Brasília), o SCD-1 é colocado em órbita da Terra, a uma altitude de 750 km.

Tudo transcorreu de acordo com o previsto. Os engenheiros que acompanham o lançamento a partir do Centro de Controle de Wallops e do Centro de Rastreio e Controle do INPE, com operações em São José dos Campos (SP), Cuiabá (MT) e Alcântara (MA), conferem com satisfação e orgulho o sucesso do lançamento e do início da operação do satélite, pois, logo após a entrada em órbita, os primeiros sinais do SCD-1 são captados pela Estação Terrena situada no Maranhão.

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