Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 27 de agosto de 2023
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, assinou na última quinta-feira (24) o ato de criação da comissão de juristas que vai propor atualização do Código Civil (Lei 10.406, de 2002). A comissão será presidida pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e terá 34 membros, incluindo o presidente, um vice-presidente e dois relatores.
Em 2023 o Código Civil completou 20 anos de vigência. Segundo Pacheco, ele precisa ser adaptado às novas relações sociais forjadas pela era digital.
“Em razão de tantas coisas que aconteceram nos últimos anos, notadamente a evolução das relações a partir do ambiente digital, do advento da internet, das redes sociais, da inteligência artificial, há uma série de coisas que precisam ser revistas. Ao tempo em que celebramos os 20 anos, vamos com responsabilidade buscar preencher lacunas e fazer as modificações necessárias para que tenhamos uma legislação exemplar e segura”, afirmou Pacheco.
“Trata-se de um projeto muito importante e de grande impacto na vida de todos os brasileiros. Desejo boa sorte aos integrantes aqui presentes, e saibam que podem contar com o apoio desta casa, especialmente de nossa consultoria legislativa”, declarou o senador.
Temas defasados
O ministro Luis Felipe Salomão salientou que muitos temas do atual código já apresentam defasagem de longa data, uma vez que o texto começou a sua trajetória nos anos 1970 – o Código Civil é produto de uma proposta do Executivo enviada em 1975, que tramitou por quase 30 anos até a sua transformação em lei.
“Na última década, principalmente, tivemos avanços em muitas áreas, como na comunicação instantânea, na internet, nos negócios, nos contratos e nas sucessões. O Código Civil é, literalmente, o diploma legal que cuida da nossa vida desde o nascimento até a morte. Pude perceber que ele carecia de uma atualização, de forma acentuada, nos últimos anos”, refletiu o ministro.
De acordo com Salomão, apesar de a comissão ser composta integralmente por especialistas do direito, haverá um canal de comunicação aberto para receber sugestões de qualquer cidadão. “Queremos ouvir não só juristas, mas toda a sociedade. Essas sugestões serão analisadas e incorporadas”, ressaltou.
A comissão deve incluir nos debates propostas que atualmente tramitam no Congresso Nacional, como o PL 3.612/2021, que regula o teletrabalho; o PL 2.569/2021, que apresenta novas hipóteses de divórcio consensual; e, ainda, o Marco Legal das Garantias de Empréstimos (PL 4.188/2021), que possibilita a realização de testamentos digitais.
A primeira reunião da comissão acontecerá no dia 4 de setembro, às 17h, no Senado. A comissão terá prazo de 180 dias para elaborar e entregar à Presidência do Senado um anteprojeto de lei com as atualizações propostas para o Código Civil. Depois disso, a própria Presidência encaminhará o texto, na forma de projeto de lei, para análise dos senadores, passando pelas comissões e pelo Plenário.
Relatores
Os relatores da comissão serão Flávio Tartuce, professor da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil – São Paulo (ESAOAB-SP) e Rosa Maria de Andrade Nery, desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). O vice-presidente será o ministro Marco Aurélio Bellizze, do STJ. As informações são da Agência Senado e do STJ.