Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 23 de março de 2024
Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) admite ter votado a favor da proposta que extingue a chamada “saidinha” de presos “pelas circunstâncias”, apesar da orientação contrária do Planalto. Randolfe prevê, inclusive, que o tema não deve ser vetado integralmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador reconhece ainda que o Congresso de viés conservador impõe derrotas ao petista, mas avalia, por outro lado, que a gestão já conquistou bons resultados. Veja os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao jornal O Globo.
– A que o senhor atribui a queda de popularidade do governo? “Nós estamos em um ambiente que não são colocados para avaliação os mesmos elementos de outros tempos. Se fossem, as razões nos favoreceriam porque a economia está crescendo a 3%, a taxa de juros está em franca queda, a inflação está sob controle. É menos da condição material de existência das pessoas e mais dos aspectos de ordem moral, de ordem ideológica. Tem setores que, desde a campanha, têm uma resistência e qualquer soluço altera a avaliação nesses setores.”
– Lula tem deixado de dar atenção aos evangélicos? “Não. O presidente não se utiliza da religião. Ele sabe distinguir o que é um púlpito, o que é um palanque.”
– O senhor é líder do governo e votou a favor do PL da Saidinha, tema que o Planalto orientou contra. O senhor é a favor do projeto ou votou para não desagradar à base? “A gente tem que se orientar pelas circunstâncias. Há uma grande flexibilidade em relação à saída temporária hoje na legislação que tem que ser corrigida.”
– Então o senhor é contrário a um veto do presidente ao projeto? “Vamos ouvir o Ministério dos Direitos Humanos. Podemos ter algum convencimento contrário. Estive com o ministro (da Justiça, Ricardo) Lewandowski, estendi para ele minha posição. Na minha opinião, não deve haver um veto total.”
– O ministro chegou a falar sobre algum trecho que gera preocupação? “Ele tem uma preocupação, mas também compreende o clamor e a circunstância do momento. Vamos juntar as posições distintas. Direitos Humanos, Ministério da Justiça e Segurança Pública e dialogar junto com a Casa Civil, com o núcleo político para ensejar uma posição.”
– Quase a metade dos vetos do governo foi derrubada até agora. A que atribui essas derrotas? “Nós perdemos as eleições para o Congresso e para os governos estaduais. A maioria da população brasileira é governada por governos estaduais que têm uma posição clara de oposição. Dito isso, o que a coordenação política do governo entregou em 2023 deveria ser saudado.”
– O senhor chegou a cobrar no ano passado que o União Brasil entregasse pelo menos 80% dos votos no Congresso, índice que não foi atingido. Acredita que o governo deveria rever a aliança? “Eu falei antes que 80% era meta alcançável. Não foi possível, mas não temos que reclamar porque a maioria dos votos do partido conquistou, somou e foi fundamental para aprovarmos as medidas econômicas no ano passado que possibilitaram o crescimento econômico que tivemos.”
– O senhor chegou a anunciar que se filiaria ao PT, o que falta para entrar no partido? “Eu não anunciei, eu disse que o meu partido é o partido de Lula. Isso não foi um anúncio de filiação. Eu tenho o maior carinho pelo MDB, tenho o maior carinho pelo senador Renan (Calheiros), agradeço aos convites que foram feitos, mas a circunstância da política do Amapá tornou impossível uma eventual filiação ao MDB. Estou muito próximo do PT e do PSB, são duas possibilidades, mas ainda não temos resolvido.”
– E como está a relação do senhor com a ministra Marina Silva? “A ministra Marina é um luxo para o nosso governo. Nós termos um ícone ambiental do planeta como ministra do Meio Ambiente.” As informações são do jornal O Globo.