Sexta-feira, 15 de novembro de 2024

“Taxa básica de juros, a Selic deve ir a 12,5%, mas isso não será o suficiente”, diz analista

Ex-diretor do Banco Central (entre 2019 e 2021) Fabio Kanczuk, head de macroeconomia do ASA, instituição financeira, avalia que seria necessário a Selic ir para 15% ao ano para atingir a meta de inflação de 3%. Mas os juros devem parar em 12,5% em março do ano que vem, calcula, por pressão política.

O que achou da decisão?

“Foi super sucinto, foi o esperado. A projeção de inflação no horizonte relevante, o segundo trimestre de 2026, foi para 3,6%. Para fazer o 3,6% virar 3% (meta), em vez de a Selic ir até 12,5%, como o Boletim Focus prevê, teria que ir até 15%, o que é bastante. Então seria natural a gente se perguntar se o BC não vai acelerar o passo.”

O senhor acha que vai acelerar?

“A projeção é consistente com isso. Por outro lado, a linguagem do comunicado não tem nada sugerindo isso. Eu presto atenção no número ou na linguagem? O próprio Copom tem dito que é para prestar mais atenção na linguagem.”

A Selic sobe até que nível?

“A projeção é que a Selic suba até a 12,5%, não porque é suficiente, mas porque o presidente Lula vai fazer pressão política e fazer o Copom parar em 12,5%. Nossa projeção de 12,5% é baseada em política e não em economia.”

O BC deu mais ênfase à necessidade de medidas fiscais estruturais. Qual é a intenção?

“O BC tenta se comunicar tanto com a sociedade quanto com o governo que esse é um assunto primordial para a elevação de juros não ser tão grande. O mercado já está cansado de saber. É uma comunicação mais para o mercado e a sociedade.”

Se o pacote de medidas decepcionar, o BC pode acelerar o ritmo de alta?

“Sim.”

O BC também avaliou a conjuntura econômica nos EUA como incerta no mesmo dia em que foi declarada a vitória de Donald Trump. O resultado da eleição pode ter influenciado essa avaliação?

“A impressão que tive é que o Copom decidiu esperar um pouco para falar dos efeitos da eleição, apesar de já saber do resultado, para falar na ata (que será divulgada na próxima terça-feira). O BC se deu o benefício de poder esperar mais uns dias.

O sinal mais claro é que o Trump vai colocar tarifas pelo mundo afora, com isso as moedas vão se depreciar e o real também. Isso causa inflação aqui.”

Mas a reação do mercado não foi a esperada…

“A surpresa do dia – quarta-feira (6) – é que o real teve o melhor desempenho entre as moedas emergentes. Mas mesmo as moedas do México e da Colômbia começaram apanhando um pouco e no fim do dia se fortaleceram frente ao dólar. O que não era de jeito nenhum o que se esperava. O euro apanhou, mas os emergentes não.

Por isso, acho que o Banco Central está olhando para ver direito qual é a reação do mercado ao Trump. O principal canal de transmissão do Trump para o BC é via câmbio. A gente esperava que fosse apanhar e não apanhou, ao menos no primeiro dia. O BC, quando estava finalizando o Copom, se surpreendeu com o desempenho do real. Não tenho a menor dúvida. E resolveram ser mais sucintos.” As informações são do jornal O Globo.

 

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