Sábado, 26 de outubro de 2024

Trilogia “Jurassic world” chega ao fim misturando aventura e defesa da preservação

Quem for aos cinemas para ver “Jurassic World: Domínio”, em cartaz desde a última quinta (2), encontrará dois filmes em um. Episódio derradeiro da segunda trilogia da franquia idealizada pelo diretor Colin Trevorrow, ele tem duas facetas.

Uma é o thriller de aventura, com o casal Chris Pratt (Owen) e Bryce Dallas Howard (Claire) decidido a proteger a menina Maisie Lockwood, que carrega em si o desfecho da história. A outra tem pegada científica e reúne, pela primeira vez desde o celebrado original de Steven Spielberg, de 1993, o trio Laura Dern (a botânica Ellie Sattler, agora, não por acaso, especializada em mudanças climáticas), Sam Neill (o paleontologista Alan Grant) e Jeff Goldblum (o matemático Iam Malcolm). E quando as narrativas finalmente se juntam escancara-se a pauta da vez: a necessidade de se conviver com o diferente para preservar o planeta.

“Este filme tem um teor de horror apocalíptico, o que, creio, nos dá mais relevância. Tratamos da ganância das grandes corporações, da importância da ética na ciência e da preservação de todas as espécies. Namoramos descaradamente com o épico”, diz Pratt.

“Domínio” começa quatro anos após a destruição da Ilha Nublar, no segundo tomo da trilogia atual, e logo descobre-se que alguns dinossauros foram resgatados. Uns estão em uma reserva natural, mas muitos outros estão “sassaricando” nos quatro cantos do planeta, impulsionando um mercado negro de abate e venda dos seres jurássicos cujo centro é Malta. Uma das sequências de ação mais impressionantes se dá na ilha mediterrânica, é a favorita de Trevorrow e quase transforma Owen e Claire em dois Jason Bourne.

A confusão com o retorno dos dinossauros ao planeta sem estarem confinados em local específico é tamanha que tem a capacidade de alterar sensivelmente a rede de distribuição de alimentos em escala global e causar a extinção dos seres humanos. E a solução pode vir da manipulação genética das duas espécies.

É onde entra a BioSyn, gigante farmacêutica com tiques de Vale do Silício, comandada pelo mesmo Lewis Dodgson (personagem de Campbell Scott), que no original queria roubar embriões de dinossauros. E agora jurando que deseja apenas decifrar o código genético dos dinos para curar doenças nos homens.

Reflexão

A entrada da velha guarda científica escancara que este é um filme de “mensagens” e “para toda a família”, sem medo de didatismos e simplificações ao mergulhar na dicotomia humanismo versus desenvolvimento tecnológico. A sequência final poderia ter surgido de um programa de tevê especializado no tema ou de material de campanha de algum partido ecológico.

Quando trouxe de volta Dern, Goldblum e Neill, Trevorrow não apostou apenas na nostalgia fácil. Às vésperas de celebrar 30 anos, “Jurassic Park”, de Spielberg, foi um rugido imenso e duradouro. O filme provou que já havia meios para se levar para o telão a sacada de Michael Crichton, autor do livro que deu origem à saga, e impressionar a audiência com dinossauros realistas dos mais variados tamanhos.

Mesmo com o salto tecnológico desde então (em “Domínio”, todos os dinossauros interagem de fato com os atores, graças ao avanço da robótica, controlados remotamente), Trevorrow já disse que não ambiciona causar no público o mesmo abrir a boca de 1993. O que ele desejava para sua saída de cena era usar a história para refletir sobre como estamos tratando o planeta que já foi dos dinos e hoje parece ser nosso.

Se Spielberg nos levou para um passeio por um parque de diversões como nenhum outro, Trevorrow nos dá a mão em um mergulho num museu de História Natural onde olhamos para o passado com atenção, mas miramos o tempo todo em um futuro que parece sombrio.

A primeira pista para se entender a mais recente trilogia da franquia era dada no título do primeiro filme, de 2015 — saía Park, entrava World. A ideia central era a de levar os bichanos para o mundo. Uma nova era, Neojurássica, é proposta, e já havia sido sugerida no curta “Jurassic World: a batalha de Big Rock”, em que uma família acampando enfrenta dinossauros soltos tentando entender seu habitat. E a escolha de “Domínio” para o derradeiro filme oferece mais uma peça: tudo leva a crer que são os muito mais velhos que nos deixarão a (não mais) ver navios.

Em “Domínio”, as criaturas não são meros coadjuvantes. Além do T-Rex e dos Velociraptors (Blue está de volta, agora com sua filhotinha, Beta), se destacam o Giganotosauro (“o maior carnívoro que o planeta já viu”, frase, aliás, repetida à exaustão), no céu surge o Quetzalcoatlus, sem esquecer do Pyroraptor, com sua penugem singular.

No set de filmagens, interrompido por conta da pandemia, Goldblum lia George Bernard e fazia animados duetos musicais com Neill. Os atores passaram meses trancafiados num hotel em Londres (curiosamente, foi nas filmagens de “Domínio” que se criaram os protocolos para Hollywood trabalhar durante e após a covid) e acabaram entrando numa maratona de ensaios incomuns para filmes de Hollywood.

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