Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Twitter e Elon Musk

A compra do Twitter pelo biliardário Elon Musk provocou um terremoto mundial. Foi (para mim) uma surpresa saber que Bolsonaro e o bolsonarismo em geral tenham sido alavancados com hordas e hordas de novos seguidores, na simples mudança de donos da plataforma. E não somente eles, mas a direita e a extrema-direita vibraram no mundo todo. Na minha conta ninguém tem hegemonia clara no Twitter – usado(e abusado) na esquerda, direita, terceira via, e todas as tribos do planeta.

Eu uso o Twitter para comentários breves sobre as questões da atualidade, – nunca imaginei que a plataforma fosse de “esquerda”. Pelo que dizem os bolsonaristas e a direita, o serviço é controlado pelos “progressistas”, pela “esquerda”, “a globalização”. Tendo o poder de sancionar e censurar, seria seletiva: a pretexto de combater o que são a seu juízo, “fake-news”, pautas preconceituosas, ataques ao “politicamente correto” e “mensagens de ódio”, atua sempre contra os conservadores, a direita. Nem Trump escapou do “cancelamento” da plataforma.

Nesse raciocínio, os defensores da liberdade de expressão são Bolsonaro, os seus seguidores, a direita, a tigrada militar, e empresários do tipo de Luciano Hang. Valha-nos Deus!

Estamos diante de uma insanável contradição. Um jornal estabelecido, um órgão da imprensa tradicional, ao defender uma linha editorial, uma visão de mundo, e porque não escreve o que se gosta e quer, estará violando o princípio da liberdade de expressão. Liberdade de expressão ? Só vige nas redes sociais – uma concepção extravagante.

O debate está em andamento em curso. Parece atentatório à liberdade de expressão uma entidade particular (Twitter) deter o poder da censura, que, nos países democráticos, nem o Estado pode dispôr. Mas também é evidente que a mídia, a grande imprensa, tendo CNPJ e endereço certos, estão sujeitas a normas escritas e não escritas, de existência e conduta, que não lhes permite vazar certos limites de civilidade, de convivência humana e comunitária

Um jornal, ou seu colaborador, pode escrever um artigo injurioso e calunioso, mas estarão sujeitos aos danos de um processo judicial. Um jornal que mente, que tenha uma linha editoral engajada, facciosa, acaba se reduzindo a um nicho de leitores

Nas redes sociais, no Twitter, prevalecem o caos, o dito e o desdito, as versões antagônicas sobre os mesmos fatos, as baixarias – é espaço raramente usado para o debate honesto, a convivência civilizada. Nas redes sociais as diferenças se transmudam em contraditório medíocre, em divergência e conflito, o adversário político vira inimigo.

Não creio que o Twitter, nas mãos de Musk vá mudar muito. É ilusão ingênua achar que agora se poderá dizer o que venha à telha. Se insistirem na insanidade geral, há uma sanção inexorável e dramática: a perda de leitores, a perda de seguidores.

Se fizerem do Twitter um ambiente de vale-tudo, vão ficar falando sozinhos. Há ainda um grande número de pessoas sensatas, que não entram nessa esparrela de que o mundo está em guerra e que a única alternativa é eliminar os adversários.

titoguarniere@outlook.com.br

Twitter: @TitoGuarnieree

 

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