Domingo, 23 de fevereiro de 2025

“Ucrânia é uma democracia, a Rússia de Putin não”, afirma União Europeia após Trump chamar Zelensky de ditador

A União Europeia se pronunciou sobre as duas críticas feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em um post nessa semana.

Trump, que disse estar perto de fechar um acordo de paz com a Rússia para acabar com a guerra, acusou Zelensky de ser um “ditador sem eleições”. Embora tenha considerado que o líder ucraniano e Vladimir Putin “terão que se encontrar” para conversar e acabar com “a morte de milhões de pessoas”, ele disse durante uma entrevista ao canal Fox News que a presença do ucraniano “não é importante” nas negociações com a Rússia.

“Tive conversas muito boas com (o presidente russo, Vladimir) Putin, e não tão boas com a Ucrânia. Eles não têm nenhuma carta, mas atuam como durões”, disse Trump.

Questionado sobre a fala pela imprensa, o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker, afirmou que “Zelensky foi eleito de maneira legítima em eleições livres, justas e democráticas. A Ucrânia é uma democracia, a Rússia de Putin não”.

Nesse sábado (22), o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou a paz da Ucrânia e a segurança da Europa não podem ser impostas.

“A posição do governo da Espanha é bem clara. Nem a lei do mais forte, nem a lei do velho oeste. A paz da Ucrânia e a segurança da Europa não podem ser impostas, devem ser acordadas com os ucranianos e com os europeus. Submeter-se ao agressor não trará a paz, ao contrário: trará, como a história nos mostrou, agressões futuras e mais graves”, destacou Sánchez.

US$ 500 bilhões

O ataque de Trump ao presidente ucraniano ocorreu horas após Zelensky falar sobre a proposta feita pelo governo dos EUA em troca de apoio. Segundo ele, US$ 500 bilhões em riqueza mineral da Ucrânia para reembolsar Washington pela ajuda durante a guerra. “Eu defendo a Ucrânia, não posso vender nosso país”, afirmou em coletiva na quarta-feira (19).

No começo do mês, antes de começar negociações com o presidente russo, Vladimir Putin, para tentar dar fim à guerra, Donald Trump condicionou sua ajuda ao governo ucraniano a uma troca: o direito a terras raras e ricas em minerais no país.

Dias depois, em entrevista, Zelensky disse que estava aberto a negociar uma parceria com os EUA para “deter Putin”, mas agora, depois que a Ucrânia foi excluída das conversas sobre um possível acordo de paz, ele voltou atrás.

Proposição a ONU

Os Estados Unidos propuseram um projeto de resolução na Assembleia Geral da ONU que não menciona o respeito à integridade territorial do país europeu. O projeto de resolução, ao qual a AFP teve acesso, pede um fim rápido do conflito e uma paz duradoura entre a Ucrânia e a Rússia”, uma formulação lacônica, muito distante de textos anteriores da Assembleia claramente favoráveis à Ucrânia.

De acordo com várias fontes diplomáticas, os Estados Unidos pretendem submeter na segunda-feira o texto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, paralisado sobre a questão ucraniana há três anos devido ao veto russo.

O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, pediu a todos os Estados-membros da ONU que apoiem essa “resolução simples, histórica (…) para traçar um caminho para a paz”.

O “texto minimalista, que não condena a agressão russa nem menciona explicitamente a integridade territorial da Ucrânia, parece uma traição a Kiev e um golpe baixo contra a União Europeia, mas também um desprezo pelos princípios fundamentais do direito internacional”, declarou à AFP Richard Gowan, do International Crisis Group.

A Assembleia Geral da ONU vai se reunir na segunda-feira para lembrar o terceiro aniversário da invasão russa à Ucrânia. Também será o primeiro encontro desde o retorno de Trump à Casa Branca e sua mudança radical de política sobre o conflito.

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