Domingo, 22 de dezembro de 2024

Uma das responsáveis pela divulgação dos crimes de João de Deus, autora de livro sobre o médium conta detalhes das histórias que apurou

Enquanto o autoproclamado médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, era aclamado por seus supostos poderes de cura e recebia milhares de fiéis semanalmente, moradores da cidade goiana de Abadiânia comentavam — e inclusive faziam apostas — sobre os abusos sexuais cometidos por ele dentro da Casa de Dom Inácio de Loyola, em que realizava os atendimentos. Anos antes de 2018, quando uma mulher holandesa expôs em uma rede social o estupro que sofrera, desencadeando mais centenas de relatos de violações e uma força-tarefa para investigar o que é considerado o maior caso de crime sexual no país, outras já haviam tentado denunciá-lo.

É o que mostra a jornalista Cristina Fibe, especializada na cobertura sobre direitos das mulheres e uma das responsáveis pela revelação dos crimes de João de Deus pela imprensa. Nos anos seguintes, ela leu mais de mil páginas de processos, visitou o centro espiritual e realizou centenas de entrevistas, inclusive com figuras públicas como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Marconi Perillo, ex-governador de Goiás.

No livro-reportagem investigativo “João de Deus – O abuso da fé”, que será lançado pela Globo Livros em 14 de outubro, Fibe apresenta os detalhes sobre a vida e os crimes cometidos pelo ex-líder religioso.

O que mais surpreendeu?

Saber que várias mulheres tentaram sim denunciar. Tentaram gritar e foram expulsas da casa de Dom Inácio, silenciadas por enfermeira, tomaram tapa na cara de dona de pousada. Um homem contou que trabalhava na rua da Casa e quando chegava um ônibus do Sul, origem de grande parte das vítimas, ele e outros homens apostavam quais seriam abusadas. E tinha ainda as que fizeram boletim de ocorrência. Uma menina menor de idade, de Minas Gerais, foi abusada por João com o pai dentro da sala, de olhos fechados. Quando ela conta, a família faz um BO, mas anos depois ele é inocentado. A juíza, que deu entrevista para o livro, explica que, naquele caso, João foi processado por “violação sexual mediante fraude”. Ela reconheceu a violação, mas não a fraude.

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